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Campanha da Fraternidade 2015 quer aprofundar diálogo entre Igreja e sociedade

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19/02/2015 06h00

Cerimônia abriu oficialmente a CF 2015 que, durante a Quaresma, irá refletir sobre a relação entre a Igreja e a sociedade.

A cerimônia, presidida pelo bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrich Steiner, começou com a leitura da mensagem do Papa Francisco para a Campanha da Fraternidade 2015. O texto foi lido pelo secretário-executivo nacional da campanha, padre Luiz Carlos Dias.

Em seguida, a secretária executiva do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs (Conic), pastora Romi Márcia Bencke, enfatizou que o tema da campanha deste ano “Fraternidade: Igreja e sociedade” coloca como uma das ações missionárias, a necessidade de promover o debate sobre os valores éticos e sobre o papel missionário dos cristãos de serem um espaço seguro para a discussão ampla e aberta de temas causadores de conflito, sofrimento e morte.

“O tema deste ano nos desafia para uma ética global de responsabilidades, que fortaleça os direitos dos povos, privilegie a solidariedade internacional e supere os egoísmos confessionais e nacionais. Liberdade, direito, razão e dignidade humana fazem parte do nosso papel missionário. E o tema nos ajuda a refletir sobre o nosso papel enquanto Igrejas e religiões”, destacou Bencke.

O presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coelho, que também participou da cerimônia, destacou o trecho do hino da campanha que diz “lutar por dignidade, por justiça e igualdade, pois eu vim para servir”.

Ele afirmou que essa luta é o “elo que deve nos unir. Efetivamente, quando se fala em igualdade se busca justamente, não apenas o tratamento igualitário de todos perante a lei, mas a busca por uma igualdade concreta, material, que se visualiza na proteção do mais necessitado, do mais pobre, que são medidas urgentes para que possa ter uma igualdade real, que todos buscamos”.

Marcus Vinícius reforçou ainda o compromisso e disposição da OAB na relação histórica com a CNBB, que têm resultado em grandes conquistas e certamente neste ano dará a oportunidade de ver implementado uma reforma política democrática no Brasil.

Por sua vez, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias de Sousa, referiu-se ao lema da campanha “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45), afirmando que essas palavras de Jesus colocam em face das relações humanas e, por conseguinte, da política, pois os apóstolos discutiam quem ali era o maior. “Aqui a política emerge como serviço às pessoas, à sociedade, especialmente aos mais pobres”, disse.

Segundo ele, a opção preferencial pelos pobres implica um compromisso com sua emancipação. “Defendemos os pobres, não a pobreza.

Queremos que os pobres se libertem da pobreza e possam assumir plenamente suas vidas. Queremos o desenvolvimento das pessoas, das comunidades locais, até chegar a grande comunidade nacional”.

Em seguida, ele recordou a participação na política e enfatizou que é preciso avançar, dentro do ensinamento de Jesus, para uma nova compreensão da política, dentro da dimensão da democracia participativa.

“Possibilitar que as pessoas possam exercer plenamente os seus direitos e deveres de cidadania, sua dimensão política, possibilitando que elas desenvolvam, como quer o Evangelho, seus talentos e potencialidades”.

Mensagem do Papa Francisco por ocasião da Campanha da Fraternidade 2015
Quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Aproxima-se a Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa: tempo de penitência, oração e caridade, tempo de renovar nossas vidas, identificando-nos com Jesus através da sua entrega generosa aos irmãos, sobretudo aos mais necessitados.

Neste ano, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, inspirando-se nas palavras d’Ele “O Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos” (Mc 10,45), propõe como tema de sua habitual Campanha “Fraternidade: Igreja e Sociedade”.

De fato a Igreja, enquanto “comunidade congregada por aqueles que, crendo, voltam o seu olhar a Jesus, autor da salvação e princípio da unidade” (Const.

Dogmática Lumen gentium, 3), não pode ser indiferente às necessidades daqueles que estão ao seu redor, pois, “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos os que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo” (Const. Pastoral Gaudium et spes, 1).

Mas, o que fazer? Durante os quarenta dias em que Deus chama o seu povo à conversão, a Campanha da Fraternidade quer ajudar a aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a Sociedade – propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II – como serviço de edificação do Reino de Deus, no coração e na vida do povo brasileiro.

A contribuição da Igreja, no respeito pela laicidade do Estado (cfr. Idem, 76) e sem esquecer a autonomia das realidades terrenas (cfr. Idem, 36), encontra forma concreta na sua Doutrina Social, com a qual quer “assumir evangelicamente e a partir da perspectiva do Reino as tarefas prioritárias que contribuem para a dignificação do ser humano e a trabalhar junto com os demais cidadãos e instituições para o bem do ser humano” (Documento de Aparecida, 384).

Isso não é uma tarefa exclusiva das instituições: cada um deve fazer a sua parte, começando pela minha casa, no meu trabalho, junto das pessoas com quem me relaciono.

E de modo concreto, é preciso ajudar aqueles que são mais pobres e necessitados. Lembremo-nos que “cada cristão e cada comunidade são chamados a ser instrumentos de Deus ao serviço da libertação e promoção dos pobres, para que possam integrar-se plenamente na sociedade; isto supõe estar docilmente atentos, para ouvir o clamor do pobre e socorrê-lo” (Exort. Apost.

Evangelii gaudium, 187), sobretudo sabendo acolher, «porque quando somos generosos acolhendo uma pessoa e partilhamos algo com ela – um pouco de comida, um lugar na nossa casa, o nosso tempo – não ficamos mais pobres, mas enriquecemos” (Discurso na Comunidade de Varginha, 25/7/2013).

Assim, examinemos a consciência sobre o compromisso concreto e efetivo de cada um na construção de uma sociedade mais justa, fraterna e pacífica.

Queridos irmãos e irmãs, quando Jesus nos diz “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45), nos ensina aquilo que resume a identidade do cristão: amar servindo.

Por isso, faço votos que o caminho quaresmal deste ano, à luz das propostas da Campanha da Fraternidade, predisponha os corações para a vida nova que Cristo nos oferece, e que a força transformadora que brota da sua Ressurreição alcance a todos em sua dimensão pessoal, familiar, social e cultural e fortaleça em cada coração sentimentos de fraternidade e de viva cooperação.

A todos e a cada um, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, envio de todo coração a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim.

Vaticano, 2 de fevereiro de 2015.

(noticias.cancaonova.com / Rádio Vaticano)

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