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Manifesto indígena suspende contratação de empresa para administrar mão de obra

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Manifesto indígena suspende contratação de empresa para atuar na saúde

Após bloqueio em rodovias que cortam pelo menos cinco cidades de MS, Governo cancela edital de prestação de serviço na saúde indígena

07/03/2018 08h21 – Por: Flávio Verão

Indígenas de Mato Grosso do Sul conseguiram convencer a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), órgão vinculado ao Governo Federal, a cancelar chamamento público de contratação de ONG (Organização Não Governamental) para administrar mão de obra de trabalhadores da saúde indígena. Após manifesto na manhã de ontem com fechamento de rodovias que cortam pelo menos cinco cidades do Estado, todo o processo foi cancelado.

Em Dourados o manifesto teve início por volta das 10h e pouco mais de uma hora depois a MS-156 de acesso a Itaporã já estava encerrado. O local sempre é palco de protesto pela comunidade indígena – a rodovia divide duas aldeias, Jaguapiru e Bororó. Também teve bloqueio na BR-163 em Campo Grande, saída para Jaraguari, e nas cidades de Amambai, Tacuru e Paranhos.

O manifesto foi organizado pela comunidade indígena de Mato Grosso do Sul. Eles aproveitaram para fechar rodovias em razão de encontro ocorrido ontem mesmo pela manhã em Brasília entre lideranças do Estado com o secretário da Sesai, Marco Toccolini. Foi uma forma de pressionar o secretário para cancelar o chamamento público que já havia escolhido uma nova empresa para responder pela mão de obra na saúde indígena – Santa Casa de Misericórdia de Sabará (MG).

O presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi) em Dourados, Leoson Mariano Silva, diz que o próximo passo, agora, é reunir lideranças para pedir a Sesai que participem da formulação do novo edital. “Queremos ter voz e desejamos que a empresa vencedora tenha experiência com a saúde indígena”, argumentou.

De acordo com o médico Zelik Trajber, que há 18 anos atua na comunidade indígena em Dourados, a empresa mineira nunca atuou com causas indígenas. “O governo federal quer mexer onde não deve. O maior problema na questão indígena refere-se à gestão e não de contratação de trabalhadores”, ponderou.

A ONG Missão Evangélica Caiuá, sediada em Dourados, é a responsável pela contratação de trabalhadores para atuar na rede de saúde indígena em todo o Estado. São cerca de 700 trabalhadores entre agentes de saúde, técnicos de enfermagem, enfermeiros, médicos. A missão também atua nesse tipo de contratação de trabalhadores em outros estados do país.

Segundo Zelik Trajber, a contratação de trabalhadores não interfere no andamento e desenvolvimento do trabalho nas aldeias indígenas, mas sim a gestão, como por exemplo sobre a aquisição e distribuição de medicamentos e de materiais para as unidades de saúde, bem como a manutenção de veículos como ambulâncias e manutenção em geral dos postos de saúde, todos de responsabilidade da Sesai, órgão vinculado ao Governo Federal.

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