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quarta-feira, 1 de maio de 2024

Especialista defende educação de excelência contra a violência

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15/09/2014 16h27 – Atualizado em 15/09/2014 16h27

Dourados registra dados alarmantes de violência gratuita; autor de livro sobre segurança pública fala em medidas preventivas de efeito

Luiz Radai

Mortes no trânsito, acertos de conta, discussões banais e outras situações corriqueiras têm engrossado o número de óbitos em Dourados. Só no final de semana passado foram 3 mortes, uma por atropelamento, e duas por conta de tiroteios.

Estudioso da segurança pública e autor de um livro publicado no Mato Grosso do Sul, o agente federal André Salineiro falou com o Dourados Agora sobre esta onda de crimes que assola a segunda maior cidade do Estado. Para o especialista, existem duas causas de atuação do crime, as mediatas e as imediatas. “O problema é que se atua muito na forma imediata, pensando em governos, atuação de secretários, e se esquecem das formas de prevenção, da construção de uma sociedade a longo prazo mais pacífica”, disse.

Salineiro ressalta que é necessário sim o combate ostensivo. No entanto, nem este tem sido bem coberto. “Temos a região da Lagoa em Campo Grande. Mais de 118 mil habitantes e uma viatura. Isto é fato. É a nossa realidade. A polícia não é mais preventiva e sim reativa. E isso não é culpa de policiais, é a logística, o planejamento”, disse.

O agente lembra que de nada adianta a repreensão sem políticas que englobam a prevenção. “Falta educação de excelência, medidas para evitar a captação de pessoas para o crime”.

A situação de violência gratuita que chama a atenção da sociedade douradense fez com que o número de homicídios registrados no ano passado fosse superado em 2014, isso, a três meses do fim do ano. Em geral, o envolvimento é de jovens que ora morrem em consequência da banalidade, ora são vítimas de tentativas de homicídio, ‘à lá bangue-bangue’.

O problema apontado por Salineiro, segundo ele, não é uma peculiaridade de Dourados. A sociedade que se apresenta tem sofrido com a falta de polícia nas ruas, no entanto, o plano precisa ser mais completo. “Vai muito além de policiais na rua. É uma questão cultural da nova geração. Vemos cada vez mais pessoas achando que é bonito praticar crimes e ficar impune. É preciso mudar a educação, a estrutura social. Evitar que as pessoas sejam captadas pelo tráfico”, disse.

O número de homicídios em Mato Grosso do Sul em 2014 registrou aumento de 8,3%, segundo dados registrados pela Sejusp (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública). Foram 350 ocorrências de 1°de janeiro a 31 de agosto, pelo menos 27 a mais que no ano passado. Em setembro, foram mais 23 assassinados, três em Dourados.

Segundo o especialista, a situação que se apresenta hoje é fruto da falta de prevenção da violência, a libertinagem e a educação desestruturada que reflete em atitudes daqueles que crescem em uma sociedade mais ‘frouxa’. “Isso é uma situação recorrente em todo o Estado e no Brasil, que registrou 56 mil assassinatos recentemente”, ressaltou.

LIVRO

Salineiro lançou em maio deste ano o livro intitulado “Gestão Estratégica em Segurança Pública”. O autor, agente da Polícia Federal de MS, deixa claro que não se trata de um livro técnico ou um manual burocrático e a obra seria, antes de tudo, um estudo de propostas feitas por quem tem experiência. “É bom lembrar que vítima é quem sofre males causados por bandidos; estes sim devem ser combatidos”, disse pouco antes do lançamento.

Para o autor, a população não deve implorar por paz e sim exigir leis. Há oito anos nos quadros da PF em Campo Grande, Salineiro afirma que não existe uma política de segurança pública no Brasil e que o objetivo do livro é analisar e discutir esta questão.

Salineiro cursou duas faculdades antes de prestar o concurso para a PF (fisioterapia e direito). Trabalhou em São Paulo no setor de escolta e captura e em Campo Grande, passou pela área de inteligência da Entorpecentes e pela Delepol (Delegacia de proteção a crimes patrimoniais).

André Salineiro é agente da PF e publicou um livro onde fala sobre estrutura da segurança pública (Foto: Divulgação)

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