Empregos em Dourados para deficientes são raros. A maioria, que não chega as universidadessobrevive de aposentadoria por...
Empregos em Dourados para deficientes são raros. A maioria, que não chega as universidadessobrevive de aposentadoria por invalidezou benefício, segundo o coordenador Arcelino Arce, do Centro de Convivência Dorcelina Folador. ,As dificuldades são ainda maiores para cegos e cadeirantes. "De 20 currículos entregues, conseguimos empregos para cinco este ano. Até pouco tempo não havia formas de se locomover para ir até a escola. A maioria dos cadeirantes e deficientes não teve acesso à universidade. Eu mesmo terminei o segundo grau com muitas dificuldades. Hoje a situação está mudando", revela, observando que em Dourados apenas dois ônibus são adaptados para cadeirantes.
Segundo ele, as barreiras são inúmeras. "Uma das dificuldades começa para adquirir a cadeira de rodas ou próteses. O processo, muito burocrático, faz com que muitas vezes o cadeirante passe um ano à espera de uma cadeira", disse.
Arce é vítima da paralisia infantil. "Hoje a doença está extinta, mas os acidentes no trânsito ainda estão deixando muitas pessoas na cadeira de rodas", observa. O coordenador explica que vem cobrando ações do poder público para melhorar a condição dos deficientes físicos, como intérprete, rampas e qualificação profissional. Acessibilidade
Em Dourados, cerca de 1.500 deficientes ainda sofrem com a falta de acessibilidade. Órgãos públicos, pontos de ônibus, restaurantes, lanchonetes e supermercados não adaptados limitam a locomoção. De acordo com o cadeirante Vanderlei da Silva Rosa, apesar dos avanços no centro da cidade, ainda é problema se deslocar até o Programa de Orientação e Proteção ao consumidor (Procon), por exemplo. No local não há a rampa.
O banheiro da Praça Antônio João, é outro local de difícil acesso. "Os degraus impedem a passagem. Por mais que as pessoas se empenhem em ajudar, muitas vezes passamos por situações difíceis", conta. O projeto de reforma da praça central prevê a retirada dos degraus e a construção de acesso através de rampas.
Segundo Vanderlei, algumas escolas, postos de saúde em bairros, e vários outros setores ainda não foram adaptados. "Pessoas com deficiência auditiva, visual e mental, por exemplo não dispõem de intérprete. A dificuldade na comunicação é grande", revela.
Vanderlei sofreu paralisia infantil. A doença não o privou de fazer o que gosta e há quatro anos ele é jogador do Lie, um time de basquete composto por cadeirantes. Ele acredita que em pouco tempo as leis que protegem o deficiente serão cumpridas por todos. "Na saúde, por exemplo, os deficientes não estão tendo prioridade. Este recurso é amparado por lei, mas as pessoas ainda não sabem", denuncia.
Para Arcelino Arce,muita coisa ainda precisa mudar para que os deficientes tenham uma rotina diária sem obstáculos.
PREFEITURA
Apesar das dificuldades, que são inúmeras, políticas públicas vêm contribuindo para que os cadeirantes ultrapassem as barreiras. As rampas de acesso em todo centro da cidade são provas disto. A coordenadora de Educação Especial, Elza Correia Pedroso, diz que o setor avança com a inclusão. As salas de informática e instrução especial, capacitação de professores, aulas de Braille, projetos de esportes e cultura estão mobilizando cerca de 200 alunos especiais e professores no município. Hoje, segundo ela, toda a escola que tem um aluno com deficiência e a prefeitura se encarrega de contratar um profissional que atenda às necessidades deles. Reivindicações estão sendo atendidas e outras estão a caminho. O assunto será debatido nesta segunda e terça-feirano anfiteatro da Prefeitura, durante a Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência. (Valéria Araújo)