Estimulada por jovens agricultores e pela chegada da energia elétrica, produção agrícola ganha incremento em município...
Estimulada por jovens agricultores e pela chegada da energia elétrica, produção agrícola ganha incremento em município de Santa Catarina
Cada geração de agricultores que viveu no município de Abelardo Luz, em Santa Catarina, tem uma história diferente para contar. Os avós foram sem-terra, os netos já pensam na industrialização dos alimentos que a família produz.A fabricação de pepino e cebola em conserva é a empreitada mais recente em que se envolveram mais de 20 jovens de Santa Rosa 1, um dos 22 assentamentos de reforma agrária desse município do oeste catarinense. O mais recente capítulo na história das 82 famílias de Santa Rosa 1, assentadas há 21 anos, começou com a chegada do Ações Integradas do Luz para Todos (projeto apoiado pelo PNUD, que investe em formas de geração de renda para as comunidades beneficiadas com a eletrificação): foi instalada neste ano uma estrutura para beneficiar e embalar frutas e verduras. O INCRA e a Eletrosul participaram com os investimentos para construção e compra de equipamentos. No total, os aportes somaram mais de R$ 200 mil, segundo o coordenador do Luz para Todos em Santa Catarina, Jesus Antônio da Silva. Só com o que foi colhido no final da safra de pepino produziram-se mais de 20 mil vidros de conserva, afirma Salaer dos Anjos, presidente da COOPEAL (Cooperativa de Produção e Comercialização Edson Adão Lins), responsável pela venda do produto no Sul e Sudeste do Brasil. Segundo ele, cerca de 80 famílias (incluindo as de outros assentamentos próximos) estão envolvidas com a produção dos alimentos e participarão dos lucros.Ele estima que só o pepino seja capaz de gerar renda de R$ 1 mil para cada família — a previsão é produzir também conservas de cebola, cenoura, brócolis, couve-flor e picles, além de doce de abóbora. A produção de alimentos em conserva é também resultado da atuação de jovens de 14 a 22 anos, que nasceram na mesma época em que o assentamento estava sendo criado. Eles formam um grupo dentro do Movimento Sem Terra que busca alternativas para organizar e gerar mais renda para as famílias. Em 2006, o grupo de jovens de Santa Rosa 1 se reunia em cursos de informática e artesanato quando começou planejar uma estratégia para produção e venda de sementes de pepino, abóbora e moranga. "Mas eles vieram dizer para a gente que não estavam satisfeitos em cultivar, jogar toda a polpa fora e vender só a semente. Queriam aproveitar a polpa", conta Salaer dos Anjos. Foi esse o ponto de partida para que a comunidade buscasse investimentos em iniciativas do governo, até receber o Luz para Todos, em 2006. A ênfase na área agrícola coincide com o perfil de Abelardo Luz, um município, que, segundo o IBGE, tem 16.374 habitantes, 2.071 estabelecimentos agropecuários, a maioria familiar: dos 5.449 empregados nos pastos e plantações, 90% têm laços familiares com o produtor.