Valfrido Silva (*)Entre os dias 14 e 30 de abril passado o jornalista Clóvis de Oliveira postou apenas um texto em seu...
Valfrido Silva (*)Entre os dias 14 e 30 de abril passado o jornalista Clóvis de Oliveira postou apenas um texto em seu blog, em tom de interrogação: "O que Zeca e André tanto procuram em Dourados?". As respostas começaram a aparecer esta semana. Em Campo Grande, Pedro Pedrossian, volta à cena política, reingressando no PTB, partido que o elegeu governador em 1990. Zeca do PT reafirma que nem a pedido do presidente Lula da Silva, seu amigo do peito, abandonaria a disputa pelo governo do Estado. Em Dourados, o prefeito Ari Artuzi anuncia apoio à candidatura do vice-governador Murilo Zauith a senador, mas sem arredar pé do apoio incondicional ao petista Delcídio do Amaral na disputa pela outra vaga de senador. E se alguém tem alguma dúvida quanto ao candidato a governador do prefeito douradense, só voltar um tiquinho no tempo para lembrar de que lado titio Zeca esteve na eleição do ano passado em Dourados.
Mas o que faz Pedro Pedrossian, o maior líder político da história dos dois Mato Grossos, do alto de seus 80 anos e cheio de problemas financeiros e de saúde, voltar a pensar em disputar o governo do Estado? Talvez indiferença do atual ocupante da cadeira que um dia foi sua, no Parque dos Poderes por ele concebido quando governou Mato Grosso do Sul no início da década de 1980. E pelo jeito, André Puccinelli não herdou apenas a cadeira de Pedrossian, mas também a soberba que fez o homem de Miranda dar com os burros n’água em suas últimas investidas rumo ao Senado e ao próprio governo do Estado.
Certamente que dr. Pedro, quando pensa em voltar, como homem de grande visão política que sempre foi, é consciente de suas limitações junto a um eleitorado que em grande parte nem chegou a ter acesso à sua história, mas toda essa disposição talvez se justifique pelas atitudes menores de quem sequer tem a consideração de convidá-lo para a inauguração de uma escola que leva o nome de um antepassado seu ou para um momento histórico como é a viagem inaugural do Trem do Pantanal, logo ele que começou a construir sua história na política exatamente sobre os trilhos da Noroeste do Brasil. Com todo o peso de sua história, se conseguir "roubar" dez por cento dos votos de Puccinelli em todo Estado, já terá feito um grande estrago, dando-se por vingado.
Quanto a Zeca do PT, a última coisa que André Puccinelli poderia esperar seria sua candidatura ao governo do Estado, mas apesar de toda a torcida, o homem de Murtinho está mostrando que não é de amarelar nessas horas de tantos rompantes, que quer o confronto para deixar claro quem é quem na política estadual. Ao dizer que nem Lula lhe tira da disputa convoca a militância petista para sair das trincheiras e começar o contra-ataque. Vai ser uma briga daquelas de tirar pica-pau do oco.
Aqui, apoio de Artuzi a Zauith é, talvez, o fato político mais significativo da semana e o que mais desdobramentos terá em relação à disputa para o governo do Estado. Rivais na disputa passada para a prefeitura, ambos são alvos preferenciais das chacotas do governador e, agora, caminhando juntos, podem fazer prevalecer a força de Dourados no contexto político estadual.
Neste fim de semana quem voltou a Dourados foi a senadora Marisa Serrano, que, com cara de candidata a governadora, desfilou com Murilo Zauith e Reinaldo Azambuja pelo parque de exposições. Nesta segunda-feira, com a desculpa de lançar as obras de uma feira do produtor, Puccinelli vem de novo. Na quinta-feira quem dá as caras por aqui é a queridinha dele para o Senado, Simone Tebet. E, com certeza, antes do final da Exposição titio Zeca deve dar uma passadinha por lá também. O que eles tanto procuram aqui, Clóvis de Oliveira? Votos! Votos que ninguém tasca, desde que Artuzi e Murilo tenham juízo.* Jornalista.Leia mais no blog (www.valfridosiva.com)