Vídeo foi feito durante a transferência do goleiro Bruno do RJ para a prisão
Em um vídeo informal feito durante a transferência do goleiro Bruno do Rio de Janeiro para a prisão em Minas Gerais, em 8 de julho, o jogador falou sobre sua versão para o desaparecimento de Eliza Samudio. Ele diz que é inocente, e credita ao amigo Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, o sumiço da ex-amante. O Fantástico teve acesso exclusivo ao vídeo, que mostra as declarações dele sobre o caso.
É o único relato detalhado que Bruno deu sobre o desaparecimento de Eliza. Depois disso, por orientação do advogado, Bruno se recusou a prestar depoimento à polícia, dizendo que só vai falar em juízo. No avião da polícia também estava Macarrão, que ficou sentado em uma poltrona distante.
Durante a conversa no voo, algemado, o jogador disse que ficou assustado quando viu o filho de Eliza com Macarrão e teria chamado a ex-mulher, Dayanne de Souza, para ajudá-lo com o bebê.
"Ele [Macarrão] disse: ‘Não, eu dei um dinheiro para ela [Eliza], e ela foi embora e deixou a criança'. Foi quando eu peguei a criança. Perguntei: ‘O que está acontecendo?’. Ele disse: ‘Ela foi embora, deixou a criança contigo e é para você cuidar que ela foi resolver uns problemas’. Até então, fiquei com medo de ela estar armando mais uma para mim, que ela já tinha armado no Rio de Janeiro esse negócio de que eu sequestrei, de que eu dei tentativa de aborto (sic)."
O goleiro disse que, se for julgado pelo ocorrido, acredita sair inocentado. “Não sei qual é o inquérito. Eu acho que sairia inocente. Eu acho, porque eu tenho a consciência tranquila, porque eu não fiz nada, que eu não tenho nada a ver com essa história. Até o momento meu com a criança, ali eu estou envolvido, com a criança. Agora, com as outras coisas que saíram essa semana, não estou nem acreditando mais no que ele tem para falar."
Paternidade
Nas imagens, Bruno afirmou ainda que pretendia assumir a paternidade do bebê e chegou a retratar uma conversa que teve com Eliza. "Se o filho for meu...Pra mim, era tranquilo".
Mas essa história é contestada pela versão de Eliza. Na denúncia de agressão que registrou contra o goleiro, em outubro do ano passado, na Delegacia da Mulher no Rio, Eliza disse que teve relações com Bruno por três vezes.
O jogador disse que, na época em que ficou com Eliza, não estava mais casado com Dayanne Souza, com quem tem duas filhas: “Separado, não no papel. Tanto que eu morava numa casa e ela, já em outra". De acordo com Bruno, Dayanne sabia que o filho era de Eliza: “Sabia até porque eu estava separado dela. Sabia já da criança, da existência da criança. Ela falou assim: ‘Cadê a mãe desse menino?' Começou a perguntar. Falei: ‘Não sei. Passaram para mim que ela foi resolver uns problemas, deram um dinheiro para ela, e a criança está comigo’”.
“Peguei ela, deixei a criança com ela e segui ao Rio de Janeiro junto com o time 100%”, contou o goleiro. O 100% é o time de futebol patrocinado por Bruno, dirigido por Macarrão, e que ostenta, no uniforme, o símbolo da morte. “Deixei a criança lá. Depois que passou um tempo, que eu me apresentei ao Flamengo, toda essa história começou”, disse.
Dayanne foi presa em flagrante por subtração de incapaz, quando a polícia encontrou o bebê escondido em um bairro próximo ao sítio do jogador. ”O fato de ela ter vindo pro Rio de Janeiro, minha ex-esposa, foi para eu poder ficar perto das minhas filhas, principalmente por causa da filha mais velha, que é agarrada comigo, muito agarrada.”
Acusação de Eliza
Bruno procura se apresentar como pai zeloso. Disse que reconheceria o filho de Eliza, se ficasse provado que era dele: “É isso que eu estava tentando fazer. Eu estava tentando, igual eu falei com ela: 'Eliza, onde come um, comem dois. Onde comem dois, comem quatro'. Se o filho é meu... Eu quero mais que... Para mim, estava tranquilo”.
Essa versão é bem diferente da que Eliza registrou na Delegacia da Mulher no Rio. Bruno teria proposto um acordo financeiro para ela realizar um aborto. No dia em fez a denúncia, Eliza coletou uma amostra de urina. Só oito meses depois, quando ela desapareceu, o material foi examinado pelo Instituto Médico Legal (IML). O resultado comprovou que ela tinha ingerido um abortivo. Um novo teste vai revelar que substância era essa.
Eliza contou em depoimento que, em 7 de outubro, Bruno pegou uma arma e colocou na cabeça dela - uma pistola -, saindo com o carro em direção à casa onde ele mora, na Barra da Tijuca. E que chegando à casa dele, deram uma bebida de gosto muito forte.
“Ele pegou, começou a me bater, falou assim: ‘Você não queria que aparecesse, foi no jornal, rindo, falando que você ficou com isto, com aquilo’, e me deu dois bofetões enormes na cara. Ele pegou e ficou rodando e falou: ‘Não sei se eu te mato, não sei o que eu faço’. Aí, eu falei: ‘Se você me matar é pior, porque as pessoas vão atrás de você’. Ele falou: ‘Mas se eu te matar e te jogar em qualquer lugar eles não vão descobrir que fui eu’ (sic)”, disse Eliza em entrevista ao jornal Extra. (G1)