Vagas de deficientes são ‘tomadas’

Flávio Verão

Disputar espaço no trânsito não é uma tarefa fácil, quanto mais para os deficientes. Todos os dias é comum ver cenas de condutores que ocupam vagas de estacionamento destinadas a quem dificuldade de locomoção. O desrespeito às leis de trânsito e às pessoas com necessidades especiais pode ser considerada como uma batalha entre Davi e Golias. Só que no caso dos deficientes, eles sempre saem perdendo.

Após o Ministério Público Estadual de Dourados obrigar o fim de barreiras arquitetônicas e a inclusão de piso tátil no centro da cidade, muitos empresários se adequaram à lei de acessibilidade e calçadas foram rebaixadas. O problema é que esses espaços também estão sendo tomados.

Carros estacionados em calçadas e mesas e cadeiras criam “barreiras arqui-tetônicas” em pisos tátil. Se não bastassem as calçadas, os carros também invadem a passagem de cadeirantes nas calça-das rebaixadas. Nesse caso comete dois tipos de infração. A segunda é por não estacionar o veículo a cinco metros da esquina, conforme prevê o Código de Trânsito Brasileiro. A falta de fiscalização é um dos graves problemas. Na Avenida Marcelino Pires, entre as ruas João Rosa Góes e Nel-son de Araújo, uma empresa tomou quase toda a calçada para fazer a reforma de uma loja. O tapume invadiu o piso tátil e tomou quase toda a calçada. O pouco espaço que restou quase não passa uma uma cadeira de rodas.

Sentir na pele

Ramão Maldonado é cadeirante e motorista de carro. Ele diz que é comum ver vagas de deficientes serem tomadas. “Basta andar pelo centro da cidade que se constata isso. Antes era bem mais complicado, hoje melhorou um pouco mais”, disse ele. Um dos maiores desafios apontados por Ramão é quanto a vaga em locais considerados essenciais, próximos a agências bancárias. “São poucas as agências que é possível encontrar uma vaga para deficientes”, relata o cadeirante. Todas as vezes que ele vai ao Itau e Bradesco, por exemplo, tem que colocar o veículo no estacionamento privado das agências.

Mobilização – Como forma de chamar a atenção da sociedade pelo respeito às pessoas com deficiência, membros do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de Mato Grosso do Sul (CREA-MS) farão uma mobilização às 10h de hoje na esquina da Avenida Marcelino Pires com a Rua Nelson de Araújo, no centro da cidade.

Durante a ação, profissionais da engenharia, arquitetura e agronomia distribuirão panfletos sobre acessibilidade e so-bre a importância de se respeitar as vagas de estacionamento destinadas a pessoas com deficiência ou a idosos.

Os engenheiros e arquitetos promoverão também uma visita a canteiros de obras da cidade. Hoje eles estarão no Clu-be Social. De acordo com o engenheiro civil Mito Gebara, a mobilização é uma ação contínua que o Crea desenvolve em todo o Estado.

Ele convida os engenheiros, arquitetos e agrônomos a participar de uma palestra que será realizada às 14h, na sede do Crea em Dourados, sobre marketing profissional. O gerente de fiscalização do Conselho, engenheiro e professor Ganem Tebcharani ministrará a palestra. À noite haverá homenagem in memorian ao engenheiro florestal Bernardino da Costa Bezerra e ao engenheiro civil Djalma Dante Bianchi.