Luis Agüero Wagner é um dos maiores intelectuais paraguaios da atualidade. Símbolo da oposição ideológica de esquerda ao governo do Presidente da República Fernando Lugo. Um homem de força, energia e determinação! Nesta entrevista inédita (realizada em espanhol e agora traduzida ao português), publicada pela primeira vez no Brasil, Luis Agüero Wagner comenta o cenário político vigente no país guarani.
Além de escritor e jornalista, é profundo pesquisador da história política latino-americana. Tem muitos artigos publicados na Internet, principalmente no endereço virtual: http://www.diariosigloxxi.com/firmas/luisaguerowagner Luis Agüero Wagner diz conhecer as cidades brasileiras de São Paulo, Rio de Janeiro e Balneário Camboriú. Espera-se que após esta entrevista seja convidado agora para eventos no Brasil. Porque é um grande pensador.
Tem mais de 80 livros publicados. É autor do livro “A Cia e a eleição do Bispo” (2008), uma das obras mais polêmicas da literatura paraguaia nos últimos tempos. Com ampla cultura literária, Luis Agüero Wagner faz referências a escritores consagrados durante a entrevista.
O “escritor combativo” diz que perseguição política tradicional não sofreu no Paraguai. Mas acredita ser possível vários blogs e artigos publicados por ele na Internet terem sofrido ataques de indivíduos ligados ao Presidente Fernando Lugo.
Dono de obra refinada. A contribuição intelectual de Luis Agüero Wagner é um “remédio construtivo” a um país como o Paraguai, que viveu muitos anos de ditadura militar (época sem respeito à liberdade de expressão!). Luis Agüero Wagner é escritor para ser lido, relido, e colocado em prática. Porque capta as necessidades fundamentais da sociedade na qual vive e dedica a elas a vida.
Com intensa atividade intelectual, é frequentemente chamado para dar conferências em importantes capitais latino-americanas (Buenos Aires, Asunción...). Agüero Wagner foi gentil em nos ceder esta entrevista, onde se apresenta à sociedade sul-mato-grossense e brasileira.
Para ele, "brasileiros quanto os paraguaios devem seguir apostando na integração regional, apesar das enormes dificuldades. A tarefa é difícil porque no Paraguai os meios hegemônicos e seus elementos dentro da política atiram contra ela. Mas nossos povos já se sentem unidos e com um mesmo destino. Apenas é questão de se desfazer essas interferências. O processo de integração é irreversível". Confira a entrevista
LAW - Nasci em Assunção, em 1967. Vivi a minha infância em uma família de classe média, em um bairro próximo do centro da capital paraguaia. Fui enviado pelos meus pais a um colégio de jesuítas. Uma das recordações mais vivas da minha infância, impregnada do ambiente da ditadura de Stroessner, foi quando a polícia política entrou no meu colégio em busca de “subversivos”. Eu tinha apenas 9 anos de idade. Mas comecei a notar que o país vivia com essa experiência.
LAW - O primário fiz no Colégio de Jesuítas Cristo Rei, o secundário no Salesiano. Ambos em Assunção. Estive ainda na Faculdade de Medicina de Assunção da Universidade Nacional de Assunção (UNA), e depois na Universidade Nacional de Tucumán (UNT), na Argentina. Nesta última também estudei História.
LAW - Bom, na Argentina descobri escritores como Eduardo Galeano, que no Paraguai se conhecia pouco naquele tempo, por razões políticas óbvias. Também Chomsky, Borges, e historiadores argentinos: Norberto Galasso, José María Rosa, Leon Pommer, e outros do revisionismo histórico argentino.
LAW - Um dos mais inspiradores para mim é o uruguaio Eduardo Galeano. Eu gosto da forma que transforma a história em ferramenta de libertação social.
LAW - Editei o meu primeiro livro no ano 2000, chamado “Fogo e Cinzas da Memória”, sobre tópicos proibidos da história paraguaia. Também escrevi poemas e ficção, mas nunca os editei. Escrevo artigos. Muitos podem ser encontrados em sítios na Internet.
LAW – São mais de 80 livros. Os mais importantes são: “Fogos e Cinzas da Memória” (2000), “As bandeiras de Mitre” (2003), “O Sátiro de São Pedro” (2011). Também muitos folhetos e pequenos livros: “17 homens insignes da história do Febrerismo” (2005), e, em co-autoria com o médico, artista plástico e escritor paraguaio Dr. Joel Filártiga, “Apocalipses” (2000), “A Festa do Tiranossauro” (2002), “Um Napoleão de Lata” (2002), e “A incrível história de Jorge W. Arbusto” (2003).
LAW - O essencial ao trabalho do escritor é o compromisso. Não tanto o compromisso com a literatura como agora está muito em voga, mas com a realidade social.
LAW - Expor a realidade paraguaia desde pontos de vista que sempre estiveram vedados, como o da esquerda marxista, cuja censura segue vigente no Paraguai.
LAW - É uma vida bastante solitária, sobretudo se a obra tem o enfoque político que costumo dar. Porque ela se destaca enquanto boa base ideológica sobre a realidade.
LAW - Alguns estão esgotados. Uns poucos podem ser comprados nas livrarias comerciais do Paraguai. E alguns eu vendo por meio de contatos pela Internet.
LAW - Muita gente formou uma falsa imagem de Lugo, teve falsas expectativas. Estão profundamente desiludidos. Mas eu sabia os verdadeiros alicerces sobre as quais se sustentava o projeto político de Fernando Lugo: a imprensa hegemônica, a direta neoliberal, e a Embaixada dos Estados Unidos em Assunção etc. Por isso nunca esperei algo diferente do que é agora: um governo que persegue tanto ou mais que os anteriores, que busca “anestesiar” a sociedade com cifras macroeconômicas, submetido com humilhação aos ditados do imperialismo.
LAW - É um país onde é preciso lutar muito. Enfurecidamente! Contra várias dificuldades... Para conseguir a autêntica soberania nacional. Hoje, estamos totalmente dominados pelo imperialismo norte-americano e seus “notáveis” situados estrategicamente na sociedade paraguaia.
LAW - Eu gostaria de dizer que tanto os brasileiros quanto os paraguaios devem seguir apostando na integração regional, apesar das enormes dificuldades. A tarefa é difícil porque no Paraguai os meios hegemônicos e seus elementos dentro da política atiram contra ela. Mas nossos povos já se sentem unidos e com um mesmo destino. Apenas é questão de se desfazer essas interferências. O processo de integração é irreversível.