Animais silvestres invadem BNH 3o Plano por falta de comida, enquanto projeto continua engavetado
César Cordeiro
A falta de execução do projeto de ecológico do Córrego Laranja Doce, vem causando consequencias ambientais preocupantes não só com relação a poluição dos córregos, como também na falta de proteção da fauna. O projeto foi elaborado em 1994 pelo arquiteto urbanístico Luiz Carlos Ribeiro, que lamenta o não encaminhamento por parte dos órgãos públicos.
“O projeto encontra-se engavetado, não houve nenhum interesse do município desde esta época. É preciso ter coragem para executar estes planos. É esta coragem é que está faltando. Alegam que existem outras prioridades e assim vão protelando a concretização deste trabalho, mas a questão ambiental deve ser vista também como prioridade”, cobrou Luiz Carlos Ribeiro que é presidente da Sociedade de Defesa do Meio Ambiente (Salvar).
Uma das consequencias pode ser constatado perto dali, no BNH 3º Plano. No final da Rua João Cândido Câmara, existe uma das áreas de preservação permanente mais importante dentro do projeto Laranja Doce. Ele contempla também a questão da fauna com uma espécie de zoológico. No local, existe uma diversidade de árvores nativas que necessitam de atenção. Vários animais silvestres estão constantemente entre as árvores do bairro 3o Plano, por falta de condições de sobrevivência em seu habitad natural.
O caso mais comum é do macaco-prego. Com fome, eles procuram as árvores frutíferas do BNH para se alimentar. “Eles acabam saindo do habitad que é o Laranja Doce, aqui próximo, aproveitando a época da manga. As cenas que têm sido comuns ultimamente, mas o problema é que eles correm risco no perímetro urbano”, disse Elizeu Rolon, morador do bairro.
De acordo com o presidente da Salvar, se houvesse vontade política, pelo menos uma parte do projeto ecológico do Laranja Doce poderia desde já ser preservada. “Sabemos que o projeto é extenso, mas pelo menos do Portalzinho até a Usina Velha isso já deveria estar adiantado, mas o problema é que não há nenhuma conversa neste sentido, nenhum compromisso, nada agendado”, lamenta.
Indagado também sobre a falta de maior envolvimento da sociedade com a questão, o arquiteto Luiz Carlos Ribeiro demonstra preocupação neste sentido. “Analisando a questão da árvore da Toshinobu Katayama, por exemplo, eu acho que as lutas de hoje estão muito no campo do varejo, nada contra esta mobilização, mas enquanto a preocupação fica concentrada apenas nesta única árvore, dezenas delas estão morrendo todos os dias em nossa região. Vejo que é preciso pensar numa mobilização mais ampla e constante, para que ocorram resultados práticos o envolvimento a causa tem que ser maior”, finaliza.