Pesquisa desenvolvida na Escola Superior de Agricultura (Esalq), analisou as legislações vigentes e as recomendações atuais sobre publicidade de alimentos para crianças em outros países além do Brasil.
No estudo, os resultados mostram que a forma como foi proposta a Resolução da Anvisa em 2010 sobre a publicidade de alimentos não educa o consumidor sobre como se alimentar adequadamente.
A resolução RDC 24/2010 regulariza a publicidade de alimentos com alertas para aqueles considerados com quantidade elevada de açúcar, gordura saturada, gordura trans e sódio.
Mas de acordo com a cientista de alimentos Amanda Daniela Moré, autora do estudo, campanhas educativas sobre dieta equilibrada poderiam reduzir doenças crônicas não transmissíveis, ao contrário da advertência na publicidade.
" Alertas na publicidade não educam a população sobre como ter uma dieta equilibrada, muito menos sobre a importância da atividade física. Ações que incentivem estas práticas são necessárias" , avalia.
Além da análise e comparação dos atos normativos sobre publicidade e propaganda de alimentos, principalmente voltado para o público infantil, a pesquisa levantou-se o histórico sobre os temas que levaram à elaboração e publicação da Resolução sobre publicidade e propaganda de alimentos pela Anvisa.
Segundo a pesquisa, a maior incoerência da Resolução é não considerar os alimentos inseridos em uma dieta e, principalmente, o estilo de vida da pessoa que os consomem.
Amanda explica que o alimento, na perspectiva individual, jamais será nocivo, podendo, entretanto, o hábito alimentar e a dieta inadequada oferecerem riscos à saúde.
" Não se pode afirmar que o consumo em excesso de um único alimento pode aumentar o risco de obesidade, cárie dentária, diabetes, doença do coração ou pressão alta, sem nem mesmo definir o que é excesso.
Ao contrário, todos os nutrientes, inclusive, açúcar, sódio e gordura são necessários para compor uma alimentação equilibrada. Não há alimentos bons ou maus, mas uma dieta bem ou mal equilibrada" .
A pesquisa conclui que, antes de proibir ou inserir mensagens negativas em comerciais televisivos ou material publicitário, devem ser estudadas e consideradas todas as formas de Marketing que podem atingir crianças e adultos.
" A proibição poderá contribuir com o desenvolvimento de ferramentas e formas de abordagem que podem ser danosas às crianças.
Estudos são necessários para encontrar o equilíbrio sustentável das atividades econômicas envolvidas e do desenvolvimento infantil" .(Isaude.net)