Dourados
21/02/2012 07h00 - Atualizado em 21/02/2012 07h00
Dados mostram que a taxa de autópsias realizadas nos EUA caiu. Nove por cento de todas as mortes foram autopsiadas em 2007, em comparação com 19% em 1972, de acordo com os dados mais recentes do Centro para Controle e Prevenção de Doenças (CDC).
O que é ainda mais preocupante, de acordo com os profissionais de saúde, é o baixo número de autópsias realizadas para mortes por câncer e doenças cardiovasculares. Em 2007, a taxa de autópsia para estas mortes foi de 4%, em comparação com 17% em 1972.
O patologista forense da University of Kentucky College of Medicine (EUA), Gregory J. Davis, credita as autópsias por muitos dos avanços médicos e de saúde pública realizados nas últimas décadas.
"Muito do que se sabe sobre as doenças renais, cardiovasculares e pulmonares deve-se à autópsia", disse ele. Os malefícios do tabagismo foram comprovados por meio do procedimento pós-morte.
Até os coletes à prova de balas do exército dos EUA foi melhorado devido a padrões comuns de lesão que patologistas identificaram durante as autópsias, segundo ele.
"A autópsia foi e continua sendo o padrão ouro para confirmar ou descartar diagnósticos e desempenha um papel fundamental na promoção da saúde pública", disse Davis.
Entre as consequências do declínio da taxa de autópsia estão as estatísticas de mortalidade imprecisas, que são usadas para determinar a incidência e a prevalência de determinadas condições, disse Elizabeth C. Burton, patologista e diretora-adjunta do serviço de necrópsia da Johns Hopkins University School of Medicine, em Baltimore.
O dinheiro muitas vezes é fornecido pelo governo federal para se pesquisar doenças identificadas como principais causas de morte da nação.
"Se errarmos desde o início, estamos pegando o financiamento para pesquisa e colocando-o nas áreas erradas", ela disse.
A redução nas autópsias também significa que os médicos estão perdendo oportunidades para melhorar o atendimento aos pacientes, disse a patologista Jennifer Baccon.
Segundo ela, as autópsias ajudam os médicos a determinar a eficácia de seu tratamento para uma condição particular, e o procedimento pode identificar problemas médicos que o médico possa ter negligenciado.
"Nós fazemos o nosso melhor para tratar a todos com a maior qualidade do atendimento, mas se não aprendermos com nossas experiências, acho que perdemos algo valioso", disse Baccon.
A melhora dos métodos de imagiologia tem levado ao declínio pois alguns médicos pensam erradamente que ela elimina a necessidade de uma autópsia, os profissionais da saúde dizem.
Há também a falta de pagamento para o procedimento pelas seguradoras de saúde e pelo Medicaid.
Outro fator que contribuiu foi a decisão de 1971 pela Comissão Mista de desistir da sua exigência de que os hospitais tenham uma taxa de autópsia de 20% a 25% das mortes que ocorrem dentro deles.
Cerca de metade das autópsias produzem conclusões médicas que estavam insuspeitas antes que o paciente morresse, disse um estudo de 2005, publicado na Histopatology.
Entre os problemas médicos mais comuns que Davis identifica durante uma autópsia estão a doença arterial coronariana extensa em jovens considerados de boa saúde antes de morrer subitamente.
Ter conhecimento desta informação pode ajudar a prevenir a morte cardíaca precoce entre irmãos ou filhos do indivíduo que teriam um risco aumentado de desenvolver a condição, disse Davis.
Davis incentiva os médicos de cuidados primários a falar com seus pacientes que são mais velhos ou que estão mal sobre a importância das autópsias. Ele também recomenda que os patologistas lembrem aos médicos os benefícios médicos do processo.
Realizar uma autópsia "é uma obrigação que temos com nossos pacientes. Você não abandona os pacientes simplesmente porque eles morrem.
Você ainda tem que fazer o melhor trabalho possível na certificação de sua causa de morte para o benefício da família e da comunidade como um todo", disse Davis.(Isaude.net)