29/06/2012 09h32 - Atualizado em 29/06/2012 09h32
Acho que pertencemos a uma nação, sincrética na nossa formação. No passado, fomos colonizados, espoliados e usados por estrangeiros, os nossos supostos descobridores. Para piorar, o povo brasileiro gosta de cultuar princípios idiotas, misturandoos ao emocional. Acontece que em milhares de cidades provincianas brasileiras, confirmando essa afirmação, assistimos a nossa classe política, salvaguardadas raras exceções, nos proporcionando assistir próceres, tomando os eleitores por parvos. Dando tapas em nossas costas, afagando-nos alguns reforçam suas hipocrisias, com seus tradicionais apertos de mãos. Estereótipos do inexistente, certos indivíduos cabalando votos, garimpam as vontades inócuas e mesmo revelando-se péssimos atores, adotam um comportamento fingido.
Representando papéis de bonzinhos no concorrido teatro da democracia, sôfregos, eles procuram exaustivamente espectadores. Porém, preferencialmente que sejam pessoas portando as carteiras de identidade da responsabilidade civil, para depois usarem-nas e serem eleitos, aqui ou em outro lugar do território tupiniquim. Assim, ultimamente vejo brasileiros nas esquinas da vida, colaborando na atitude do voto irresponsável. Passados os pleitos, com o nascimento das leis absurdas, produtos desses vigaristas acomodados no poder, seus eleitores revelam inconformismos. Dessa forma, depois das besteiras sufragadas nas chamadas eleições democráticas, os mesmos eleitores revoltados, caindo nos braços da realidade, reclamam do sistema onde eles participaram exatamente dos feitos, nos moldes obsolescentes.
Como cidadão, eu nunca gostei do voto obrigatório. Afinal, obrigações desse tipo, deveriam gerar direitos reais, com resultados positivos. Entretanto, utilizo-o transformandoo em antídoto, votando justamente para equilibrar em números, os sufrágios inúteis dados pelos eleitores despreparados. Agindo assim, acredito não estar colaborando, vendo passivamente prosperar a pandemia dos analfabetos em política, seres desinformados, gente sem recuperação, os quais se alastram metamorfoseados na forma de vírus. Desta maneira, me somo aos democratas sanitaristas, ajudando multiplicarem as criaturas conscientes, que exterminam essas bactérias da cidadania, na ação cívica do saber votar.
Então, dentro da cabine indevassável, preparada pela Justiça Eleitoral, isolado tento salvar as boas propostas, escolhendo nomes num gesto de digitação, colaborando com os interesses do coletivo popular brasileiro. Nesse meneio, espanto os métodos obsoletos, atitudes arcaicas e promessas impossíveis de cumprir. Desse modo, combato as futuras acusações de corrupção, entre muitas inovadas falcatruas praticadas nos parlamentos. Em todos os seus níveis, vejo-as denunciadas pelos jornalistas investigativos, protestando diariamente na mídia. Notadamente, quando os noticiaristas falam a respeito da política rasteira e das condutas reprováveis de alguns políticos, muitos perdem a serenidade. E esses profissionais, chegam a ficar enraivecidos, patrioticamente indignados, ao sentirem-se impotentes, diante dessas pernósticas malandragens.
Resumindo, lastreado no presente nada protocolar, confesso ainda, estar decepcionado com os habitantes do meu país. Porque os nossos compatriotas desesperançados, se refugiam nas crenças religiosas, acreditando em soluções propagadas por místicos, praticantes do crime de curandeirismo. Estou surpreso e indignado, com a facilidade como alguns jogadores de futebol fazem fortuna, ingressando na sociedade abastada, apesar de ficarem deslocados culturalmente nela. Concluindo, revelo-me bastante preocupado com a classe política, fazendo leis para protegerem animais irracionais, deixando de criar regulamentos necessários, para resguardar os animais racionais que votam neles...
*advogado criminalista, ex- jornalista. e-mail: [email protected]