14/06/2013 14h51 - Atualizado em 14/06/2013 14h51
Flávio Verão
Quem necessitar de uma vaga na UTI em hospitais públicos de Dourados está literalmente 'ferrado'. O Hospital da Vida, porta de entrada de acidentados e de pacientes com os mais diferentes tipos de trauma, tem apenas nove leitos de UTI, sempre lotadas. No entanto, por dia dia surge cerca de cinco novos pacientes que necessitam de vaga.
Sem alternativa, médicos e enfermeiros atendem como podem. "Todas as pessoas que dão entrada no hospital são atendidas, porém muitas delas que deveriam estar na UTI recebem medicamentos e ficam entubadas no pronto de socorro ou na sala de estabilização", diz o médico Luiz Carlos de Arruda Leme, diretor clínico do Hospital da Vida.
Em razão da quebra de uma máquina secadora de lençóis, o Hospital Universitário está negando receber pacientes do Hospital da Vida, unidade superlotada que atende no limite.
Jean Michel Aguero Frazão, de 26 anos, morreu nesta quinta-feira depois de aguardar por dois dias uma vaga na UTI. Ele sofreu acidente no sábado passado e teve traumatismo craniano. No mesmo dia, médicos do HV solicitaram vaga ao HU, sendo negada.
O Conselho Municipal de Saúde tentou interferir. "Ainda no sábado propusemos uma troca de pacientes. O HU encaminharia ao HV um paciente que não dependesse de UTI e em troca o HV transferiria o Jean à unidade intensiva de lá", disse Berenice de Oliveira, presidente do Conselho. Jean, segundo ela, só conseguiu uma vaga na UTI no final da tarde de segunda-feira, depois que o próprio Hospital da Vida desocupou um dos nove leitos.
A idosa Eva Ramos Araújo, 75 anos, nem chegou ser encaminhada a UTI. Ela morreu às 6h da manhã desta sexta-feira no corredor do Hospital da Vida. Eva passou por uma cirurgia de estômago na noite de quarta-feira e precisava de UTI. Como o HU negou vaga, a idosa agonizou no corredor do HV até a morte. A paciente era de Rio Brilhante.
Casos como esses se repetem quase que diariamente no Hospital da Vida. "Infelizmente essa é uma situação crítica que enfrentamos, de corredores lotados e de falta de leitos de UTI", reiterou o diretor clínico do HV.
A enfermaria do hospital tem capacidade para receber 74 pacientes, contudo entre 30 a 40 pacientes a mais são internados na unidade. Eles ficam distribuídos entre os corredores.