04/07/2013 21h30 - Atualizado em 04/07/2013 21h30
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Flávio Verão
A audiência pública que discutiu os novos rumos do transporte coletivo em Dourados, realizada na Câmara Municipal de Dourados na noite desta quinta-feira, foi marcada por protestos e vaias. Agendada para as 19h, o plenário da Câmara já estava lotado antes das 18h, não pelos universitários, maior movimento que protesta contra o serviço coletivo na cidade, mais sim por dois grupos de assentamentos.
Muitos estudantes ficaram do lado de fora da Câmara e a princípio houve discussão entre alunos e agentes da Guarda Municipal e da Polícia Militar, que faziam segurança no local. Quem entrava na Câmara era revistado e com um dos manifestantes foi apreendido um teaser - arma de choque não letal.
Estavam presentes na audiência os vereadores de Dourados, o promotor de justiça Ricardo de Melo, representando o Ministério Público, o advogado Felipe Azuma, presidente da OAB Dourados, entre outros representantes de classes organizadas. O prefeito Murilo não compareceu.
O coordenador geral do DCE/UFGD, Matheus Heindrickson, foi o primeiro a ocupar a tribuna. Ele apresentou as propostas dos estudantes, que defendem a redução do coletivo, atualmente em R$ 2,50. "Vários impostos foram baixados pelo governo e muitas cidades tiveram redução da passagem”, disse o estudante, ressaltando que Dourados deveria aderir à redução.
Vários estudantes e representantes de classes organizadas também ocuparam a tribuna. Alguns deles defendem inclusive o transporte gratuito e a municipalização do serviço, existente em importantes cidades do país. Devido ao protesto dos manifestantes, algumas pessoas não tiveram a oportunidade de falar, a exemplo do promotor de justiça Ricardo de Melo. Quando as autoridades ocupavam a tribuna, vaias eram emitidas.
Controvérsia
A maioria dos assentados, formados por famílias de baixa renda e sem moradia própria, não sabia o motivo de estar na Câmara. Muitos deles foram informados que o preço do transporte coletivo iria aumentar, dessa forma se deslocaram até a Câmara para protestar. Acontece que há duas semanas o prefeito Murilo anunciou que a possibilidade de reajuste é descartada.
O grupo de pouco mais de 200 pessoas chegou de ônibus fretado na Câmara às 16h30, conforme informou Rosimeire de Souza, a Léia, líder do movimento luta por moradia. Ela disse que reuniu 150 moradores do assentamento Nova Esperança, aos fundos do Jardim Santa Maria. "Viemos discutir o aumento da tarifa", disse ela, que criticou os estudantes. "Nossa proposta era uma, de barrar o aumento da tarifa, mas os estudantes queriam tarifa zero", reiterou. O frete do ônibus, segundo ela, foi feito por meio de “vaquinha” dos próprios moradores.
O outro grupo era formado por integrantes do assentamento "José Serveira", todos moradores de uma área invadida na região do Canaã I. Neuza Eulália, uma das integrantes do grupo, não esperava tanta discussão na Câmara. "Fomos convidados para discutir o reajuste da passagem, mas parece que não era bem isso", disse ela, informando não ter pagado nada pelo frete do ônibus.
Indignados com a discussão entre os estudantes e os parlamentares, os moradores dos assentamentos deixaram a audiência por volta das 21h, antes mesmo de ser encerrada.