22/08/2013 17h43
A safra 2013/14 de soja ainda não foi plantada, mas os produtores brasileiros já falam em prejuízos bilionários pela ferrugem asiática. Seriam pelo menos R$ 4 bilhões a menos em rentabilidade, como calcula a Associação dos Produtores de Soja e Milho do país (Aprosoja Brasil).
Presidente da entidade, Glauber Silveira fala em um novo ciclo de incertezas diante de uma soma de fatores favoráveis à doença. Em dez anos foram R$ 20 bilhões retirados do campo.
"A produção encontra-se em risco em virtude de novas pragas e velhas doenças e os produtos no mercado têm tido pouca eficiência de controle", diz.
No Brasil os produtos utilizados no campo têm os princípios ativos triazol e estrobilurina. Mas o setor cobra a aprovação de novos grupos químicos, a exemplo da carboxamida.
"O uso de apenas dois grupos químicos e as mudanças que o fungo está sofrendo elevaram a necessidade de aplicações de duas para até cinco nos últimos cinco anos", justificou Glauber Silveira, ao Agrodebate.
"O uso de grupo químico novo permitiria que os grupos anteriores não fossem usados sucessivamente. Com isso, em duas ou três safras eles tornariam a ter a mesma eficácia", contextualiza Silveira.
Em países da Europa, Ásia, América Latina e do Norte a carboxamida já foi liberada, compara o presidente da Aprosoja Brasil. Glauber Silveira diz ainda que o novo material precisaria ter sido aprovado até julho de 2013 para que as indústrias conseguissem disponibilizá-lo aos agricultores brasileiros em tempo da safra.
O setor estima plantar a soja em torno de 30 milhões de hectares. "A soja é uma das culturas que têm sido mais afetadas pela morosidade na aprovação de registros de novos produtos, principalmente por parte da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
O órgão, por falta de estrutura, não consegue atender à demanda do mercado, gerando perdas diretas para os agricultores, que ficam sem alternativas técnicas e economicamente viáveis para manter sua produção", diz Glauber Silveira.
Segundo a Aprosoja Brasil, ao considerar a região Centro-Oeste, as perdas devem ser de 5 sacas por hectare.
As perspectivas para a próxima safra, segundo a associação, mostram que a doença vai continuar se multiplicando, levando-se em conta as plantas tigueras, grãos germinados da sobra da colheita, e as chuvas na entressafra, que vão exigir aplicações extras. (Agrodebate)