05/02/2014 10h22 - Atualizado em 05/02/2014 10h22
No núcleo urbano já foram instaladas 458 unidades e até o final deste mês vai receber mais 300, segundo a Associação dos Moradores
Douradosagora
Mais populoso que muitas cidades de Mato Grosso do Sul, o Assentamento Itamarati, com quase 20 mil habitantes, comemora a instalação de superpostes no núcleo urbano. O serviço de instalação vai atender uma região do assentamento que conta com 1526 lotes. “Já foram colocados 458 postes e até o final deste mês outros 300 também estarão no local”, diz o presidente da Associação de Moradores do Projeto de Assentamento Itamarati (Ampai), José Roberval Barbosa.
Após muita insistência, a associação conseguiu por intermédio do deputado Geraldo Resende que a Enersul levasse energia elétrica a todo o assentamento. Agora a comunidade luta pela instalação de água tratada, ou seja, aguardam um posicionamento da Sanesul. “Essa é outra batalha nossa, de levar saneamento para todos os moradores”, ressalta o presidente.
Distante a 50 quilômetros da cidade de Ponta Porã, ao qual faz parte, o Assentamento Itamarati é um dos maiores do país. Criado em 2002, a partir de um processo de reforma agrária, do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), a população do local cresceu rapidamente ao longo desses anos. O último censo apontou quase 20 mil habitantes. Mato Grosso do Sul, com 79 municípios, apenas 29 deles tem população superior a 20 mil habitantes.
De acordo com Francisco Roque dos Santos, secretário da associação, a luta por transformar o assentamento em um município também é outra bandeira. No entanto, para que isso aconteça, o município de Ponta Porã teria que incorporar o assentamento como um distrito, para depois ocorrer a emancipação. “Há esse impasse e aguardamos essa realidade”, disse ele.
Desde a criação do assentamento, várias foram as conquistas para dar desenvolvimento à comunidade, que conta com escolas, postos de saúde, mercados. O comércio local é forte e o assentamento se destaca na produção de leite, grãos e agricultura familiar.
Parte da produção é comercializada em outros estados do país e até exportada para o exterior. Com tanto desenvolvimento, a economia local é considerada a 38º mais importante do Estado, entre os 79 municípios.
Francisco Roque explica que a comunidade também luta pela instalação de um posto de combustível, de agências bancárias, de Correios e de ponto de atendimento do INSS. “Já encaminhamos ofícios aos senadores e aguardamos uma resposta”, disse. “Como estamos distantes a 50 quilômetros de Ponta Porã, precisamos desses serviços para melhorar a qualidade de vida da comunidade”, acrescentou.
Apesar do comércio forte, quem mora no assentamento convive com problemas estruturais. Muitas ruas ficam alagadas em período de chuva. A falta de esgoto adequado também é outro problema.
Sem posto de combustível, a gasolina é vendida livremente sem nenhum controle de comércio, o que motivou o impedimento dessa prática. Mas devido à distância de Ponta Porã, moradores do assentamento clamam por uma solução benéfica sobre o impasse, de forma que a comunidade não seja prejudicada, já que não há posto de combustível no assentamento.
Reforma Agrária
A fazenda tornou-se um símbolo de produtividade, sendo considerada a maior área particular no cultivo de soja no Brasil, tendo sido a segunda na produtividade de algodão e recordista na de milho.
Aliando técnicas administrativas às pesquisas científicas de novas variedades, a fazenda possuiu um dos primeiros laboratórios agrícolas do Brasil. Ali foram desenvolvidos cultivares de sojas dos mais produtivos no mundo.
Em 1996 o engenheiro agrônomo responsável pela produção da Itamaraty era Paulo Fortuna, que acentuava a importância das pesquisas da cientista agrícola Johanna Döbereiner no cultivo da soja, nas fazendas de Olacyr de Moraes.
Com o fracasso da iniciativa de construir a Ferronorte, o patrimônio de Olacyr de Moraes decaiu, agravado com o Plano Real.
Em novembro de 2000 parte das terras foram desapropriadas para fins de reforma agrária, numa iniciativa que recebeu elogios do senador Ramez Tebet, alegando que o estado era o que tinha maior número de invasões de terras, no país. Na época planejava-se o assentamento de 1.200 famílias. Em 2009 havia 2.837 famílias assentadas na área.
Apesar da desapropriação, em 2001 a fazenda veio a ser invadida por sem-terras ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura. Esperando pelo assentamento, os sem-terras alegaram que tinham testemunhado a retirada de madeira da reserva legal da propriedade.
Em 2009, uma área de 36 ha foi destinada pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) para a instalação de uma base da Força Nacional de Segurança, com o objetivo de patrulhar a fronteira com o Paraguai.
Usando a antiga sede da fazenda como núcleo, a base possui pista de pouso de aeronaves, hangar e restaurante, sendo projeto de tornar-se um centro latino-americano de treinamento de policiais.