03/03/2014 08h28 - Atualizado em 03/03/2014 08h28
Paulo Nolasco/Professor universitário, membro da da Academia Douradense de Letras
A soberania da Câmara, também chamada casa do povo, é reconhecida universalmente, preterindo em muitas vezes atos executivos e até mesmo judiciários.
Isto não é vão. É ali que, com frequência, os cidadãos se fazem presentes e são representados pelos edis que elegeram, na nobre missão de vigiar e acompanhar a vida e o cotidiano de todos os cidadãos, e que esperam o menos possível de tergiversação e mais atenção as demandas sociais, as práticas culturais, que vão surgindo na frenética “marcha” dos aglomerados humanos, do renovado e surpreendente crescimento de indicadores que urgem propostas e soluções, sob pena de a “anarquia”, ás vezes proposta como atitude ante política, querer adiantar-se na voz plena das urnas e da democracia.
A sociedade organizada não deve perder o passo para o acaso. Muitas das vezes, e lamentavelmente, somente depois de desastres e descalabros, o legislador acede ao seu lugar, corrigindo atos de vandalismos, violências não premeditadas; o que pode ser o caso de nossa cidade, tornada e reconhecida como universitária – foi necessário que se previssem em leis os fatalismos de certas festas de calouros. Não se podia deixar á leniência da comunidade os barulhos, as batucadas até o amanhecer, em frente á casa de famílias, trabalhadores, que subjugados permaneciam ás bebedeiras, algazarras, ressignificadas em inferninhos e laissez-faire, resultados do ócio e da falta de bom senso.
Frente ao avanço crescente de remodeladas formas de algazarra, e dolce far niente, em tudo e por tudo a casa do povo, de Dourados, não deve adiar sua decisão em prevenir abusos, e com coragem não se omitir na tarefa de legislar em benefício da comunidade, a quem serve e que a elegeu. Dourados, uma cidade populosa, agregadora, ampliou a olhos vistos suas características hospitaleiras; agora deve construir alternativas possíveis de convivência em todos os níveis e problemas que se lhe avolumam.
Sejam os pontos de conveniência, onde não mais estranhamos ver jovens, pela manhãzinha, ainda nas caçambas de automóveis, nas calçadas, entregues ao destempero, decerto que longe dos olhos dos seus pais ou responsáveis, sejam os problemas de trânsito, etc etc. Enfim, seria cômico se não fosse trágico, a Câmara deixar de legislar, focando em câmera zoom para um problema que já não pode mais ser ignorado. Apenas, talvez, adiado.