14/03/2014 06h20
A campanha de vacinação contra o Papiloma Vírus Humano, o HPV, já começou. A vacina, usada na prevenção do câncer de colo do útero, passa a ser ofertada gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS) para meninas de 11 a 13 anos.
Em 2014, o Ministério da Saúde incluiu a vacina contra o HPV no Calendário Nacional de Vacinação e ela será fornecida gratuitamente, pelo Sistema Único de Saúde, a meninas de 11 a 13 anos.
O Ministério da Saúde recomenda que a primeira dose (de um total de três) seja aplicada nas escolas publicas e privadas que aderiram à estratégia a partir de 10 de março.
A vacina também estará disponível nas 36 mil salas de vacina da rede pública de saúde durante todo o ano.
Em 2014, a população alvo da vacina contra o HPV será composta por meninas de 11 a 13 anos. Em 2015, serão vacinadas as adolescentes de 9 a 11 anos e, a partir de 2016, serão vacinadas as meninas que completam 9 anos de idade.
Com isso, o Brasil, em apenas dois anos, protegerá as meninas de 9 a 13 anos – faixa etária que melhor se beneficia da proteção da vacina. No caso da população indígena, serão vacinadas meninas de 9 a 13 anos em 2014 e de 9 anos de idade a partir de 2015.
O vírus HPV é a principal causa do câncer do colo de útero, o terceiro tipo mais frequente entre as mulheres, atrás apenas do câncer de mama e de cólon e reto.
Por isso, a incorporação da vacina no calendário nacional tem o objetivo de prevenir o câncer de colo do útero. Com a introdução da vacina no SUS, espera-se a redução da incidência e da mortalidade por esta doença.
Estima-se que 270 mil mulheres, no mundo, morrem devido ao câncer de colo do útero.
No Brasil, o Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estima o surgimento de 15 mil novos casos e cerca de 4,8 mil óbitos em 2014. Com a vacinação, também será possível a prevenção de verrugas genitais e outros tipos de câncer induzidos pelo HPV.
A meta é vacinar pelo menos 80% do grupo alvo, formado por 5,2 milhões de meninas na faixa etária de 11 a 13 anos em 2014.
Com uma alta cobertura vacinal ocorre uma “imunidade coletiva ou de rebanho”, ou seja, há a possibilidade de redução da transmissão mesmo entre as pessoas não vacinadas.
A vacina adotada no SUS – chamada de quadrivalente - é altamente eficaz contra os tipos de HPV 6, 11, 16 e 18, sendo que os tipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero em todo mundo.
A idade mais favorável à vacinação é a faixa etária entre 9 a 13 anos porque é neste período que a vacina garante maior proteção, já que as adolescentes não iniciaram a vida sexual, e, por isso, não estiveram expostas ao vírus.
Como o objetivo desta estratégia de vacinação é reduzir casos e mortes ocasionados pelo câncer de colo do útero, a vacinação será restrita ao sexo feminino.
Estudos comprovam que os meninos passam a ser protegidos indiretamente com a vacinação no grupo feminino (imunidade coletiva), havendo drástica redução na transmissão de verrugas genitais entre homens após a implantação da vacina contra o HPV como estratégia de saúde pública.
Os pais serão informados a partir de materiais informativos distribuídos pelo Ministério da Saúde, assim como as adolescentes e profissionais de saúde e educação.
Esses materiais esclarecem os objetivos da vacinação e a sua relevância como medida de saúde pública para a redução da incidência e mortalidade pelo câncer do colo do útero. Campanhas publicitárias na televisão, cartazes, mídia em geral, redes sociais e grupos de jovens serão, ainda, estratégias utilizadas para sensibilização.
As secretarias municipais de Saúde foram orientadas a programar a vacinação nas escolas públicas e privadas que aderiram à estratégia a partir do dia 10 de março.
As instituições de ensino devem informar, com antecedência, aos pais ou responsáveis a data de vacinação.
A recomendação do Ministério da Saúde é de que a primeira dose (de um total de três) seja aplicada nas escolas, as demais nos serviços de saúde. Na escola, a vacina será aplicada em ambientes seguro e adequado e por profissionais de saúde.
A vacinação contra o HPV é uma importante ação de saúde pública para a prevenção do câncer de colo do útero.
Os pais que não quiserem que seus filhos sejam vacinados nas escolas deverão preencher o Termo de Recusa de vacinação contra HPV entregue pela própria escola e enviar para a instituição de ensino durante o período em que o ocorrer a vacinação nestas localidades.
Nas unidades de saúde, a adolescente que queira se vacinar deve apresentar a caderneta de vacinação ou documento de identidade, sem a necessidade de autorização dos pais ou responsáveis.
Sim. A vacina estará disponível nas unidades de saúde.
No momento em que a adolescente receber a primeira dose, será entregue a ela uma carta orientando sobre aonde se dirigir para a administração da segunda e terceira doses, que serão aplicadas em um serviço de saúde.
O Ministério da Saúde recomenda que a adolescente continue o esquema com a mesma vacina nos próprios serviços onde se iniciou a vacinação contra o HPV.
O Ministério da Saúde adquiriu a vacina quadrivalente, que confere proteção contra quatro tipos (6, 11, 16 e 18) do HPV.
O esquema de vacinação adotado pelo Ministério da Saúde é chamado de “estendido” e composto por três doses, sendo que a 2ª dose deve ser aplicada seis meses após a 1ª e a 3ª dose, cinco anos depois da 1ª.
O esquema “estendido” é recomendado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS/OMS) e utilizado em países como Canadá, México, Colômbia e Suíça e garante maior duração da proteção fornecida pela vacina.
A vacina é muito segura. Pode ocorrer eventos adversos leves como dor no local da aplicação, inchaço e coloração avermelhada. Em casos raros, pode ocasionar dor de cabeça, febre maior que 38º C e desmaios.
É importante ressaltar que a ocorrência de desmaios durante a vacinação contra HPV não está relacionada à vacina especificamente, mas sim ao processo de vacinação, que pode acontecer com a aplicação de qualquer produto injetável.
Em caso de algum desses sintomas, o Ministério da Saúde recomenda que a adolescente procure uma unidade de saúde mais próxima relatando o que sentiu ou está sentindo.
A vacina é contraindicada a gestantes, meninas com hipersensibilidade ao princípio ativo da vacina (sulfato de hidroxifosfato de alumínio amorfo) e que apresentarem alguma reação alérgica grave após receberem a primeira dose.
Para a aquisição da vacina contra o HPV, o Ministério da Saúde firmou Parceria para o Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o laboratório público Instituto Butantan e o laboratório privado MerckSharpDohme (MSD).
Será investido R$ 1,1 bilhão na compra de 41 milhões de doses da vacina durante cinco anos – período necessário para a total transferência de tecnologia ao laboratório brasileiro. Somente para 2014, foram adquiridas 15 milhões de doses.
A PDP possibilitou uma economia estimada de R$ 83,5 milhões na compra da vacina em 2014. O Ministério da Saúde pagará R$ 31,02 por dose, o menor preço já praticado no mercado.
Sim. Existem estudos com evidências de que a vacina previne a reinfecção ou a reativação da doença relacionada ao vírus nela contido.
Não. É importante lembrar que a vacinação é uma ferramenta de prevenção e não substitui o rastreamento do câncer de colo do útero em mulheres na faixa etária entre 25 e 64 anos.
Assim, as meninas vacinadas só terão recomendação para o rastreamento quando atingirem a faixa etária preconizada para o exame Papanicolau e já tiverem vida sexual ativa.
Sim, quando iniciarem a vida sexual, é imprescindível manter a prevenção por meio do uso de preservativo na relação. O preservativo protege, além do HPV, outras doenças transmitidas por via sexual, como HIV, sífilis, hepatite B, etc.
Sigla em inglês para Papilomavírus Humano (Human Papiloma Virus - HPV). Os HPV são vírus capazes de infectar a pele ou as mucosas. Existem mais de 150 tipos diferentes de HPV.
O HPV de tipos 16 e 18 causam a maioria dos casos de câncer de colo do útero em todo mundo (cerca de 70%). Já os de tipo 6 e 11, estão relacionados ao surgimento de verrugas genitais e papilomas laríngeos.
O HPV é altamente contagioso, sendo possível contaminar-se com uma única exposição, e a sua transmissão se dá por contato direto com a pele ou mucosa infectada.
A principal forma é pela via sexual, que inclui contato oral-genital, genital-genital ou mesmo manual-genital. Portanto, o contágio com o HPV pode ocorrer mesmo na ausência de penetração vaginal ou anal. Também pode haver transmissão durante o parto. Embora seja raro, o vírus pode propagar-se também por meio de contato com mão.
É uma doença grave, caracterizada pelo crescimento anormal de células do colo do útero. Cerca de metade de todas as mulheres diagnosticadas com câncer de colo do útero tem entre 35 e 55 anos de idade.
Muitas provavelmente foram expostas ao HPV na adolescência ou na faixa dos 20 anos de idade. Estima-se que 270 mil mulheres, no mundo, morrem devido ao câncer de colo do útero. No Brasil, o INCA estima o surgimento de 15 mil novos casos e cerca de 4,8 mil óbitos em 2014.
As medidas de prevenção mais importantes são uso do preservativo nas relações sexuais, evitar ter muitos parceiros sexuais, realizar higiene pessoal, vacinar-se contra o HPV e realizar o exame Papanicolau.
É importante lembrar que só a vacina contra o HPV não protege contra o vírus.
(Blog da Saúde com informações da Agência Saúde)