25/03/2014 14h19
Ação internacional dissemina o conhecimento do País em setores como segurança alimentar, agricultura, saúde, educação e redução da pobreza
Brasil inicia debate sobre convenção da ONU que trata do Direito do Mar Ministro destaca papel dos estados na construção da política de CT&I Os sistemas integrados de produção ultrapassaram mesmo as fronteiras e chegaram até às ilhas de Vanuatu, no oeste da Oceania.
O arquipélago é formado por 82 ilhotas, a economia baseada, principalmente, na agricultura de subsistência ou pequena escala, e a pesca e o turismo são fontes complementares de recursos para a população, estimada em 2011 em 227 mil habitantes. Mesmo singular, a República de Vanuatu está apta a desenvolver os sistemas integrados, ajustando peculiaridades.
O primeiro passo foi dado esta semana, em Campo Grande (MS), onde está situada a Embrapa Gado de Corte e local da “Capacitação Técnica em Sistemas de Produção de Pecuária de Corte com vistas à Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF)”.
Os pesquisadores da Empresa colaboraram no treinamento de cinco especialistas de Vanuatu em procedimentos, práticas e processos de produção e sanidade animal, com foco em iLPF.
O curso de uma semana foi intensivo, envolveu 17 técnicos da Embrapa, com visitas a campo, laboratórios e propriedades rurais.
Os pesquisadores do Ministério de Agricultura, Pecuária, Pesca e Biossegurança de Vanuatu receberam informações sobre o Experimento Sustentável de iLPF da Embrapa, os Sistemas Integrados no Brasil, o manejo de pastagens, o Programa de Boas Práticas Agropecuárias (BPA), os aspectos econômicos relacionados à iLPF, a gestão da propriedade, o Programa de Melhoramento de Gado de Corte, além dos trabalhos em ovinocaprinocultura e qualidade da carne desenvolvidos pela instituição.
“É uma oportunidade para conhecermos como o Brasil utiliza o sistema e verificar como adaptá-lo a Vanuatu. Os espaços no arquipélago são restritos, mas o clima é semelhante ao Brasil e o solo é vulcânico, salvo algumas áreas com carência nutricional. Nossa população é 80% rural e com atividades de subsistência.
A intenção é fornecer serviços de segurança alimentar, gerando renda para o pequeno produtor de pecuária, e viemos buscar informação para isso”, afirma Lonny Jonah, diretor do Departamento de Pecuária do Ministério.
O engenheiro florestal e diretor do Departamento de Florestas, Lui John Watson, reforça o conceito de subsistência dos produtores locais e ressalta que o governo busca meios e estímulos para tornar a atividade mais comercial, voltada para o mercado, mudando o patamar que hoje se encontra.
"Os passos são lentos. É uma mudança de consciência do agricultor, é enxergar sua propriedade familiar como um negócio.
Já há atividades agroflorestais no campo, podemos aperfeiçoar e focar em uma ou duas commodities e esse curso nos habilitará para colaborar melhor”, anseia Watson.
A iniciativa é um projeto conjunto da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), vinculada ao Ministério das Relações Exteriores (MRE), e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), no âmbito da Cooperação Sul-Sul do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), a rede de desenvolvimento global da Organização das Nações Unidas (ONU).
O eixo Sul-Sul desenvolve parcerias entre os países emergentes em resposta a desafios comuns.
No caso do Brasil o objetivo é mapear e transferir o conhecimento do País em setores como segurança alimentar, agricultura, saúde, educação e redução da pobreza.
A Embrapa é o canal no âmbito da agropecuária e no ano passado assinou um acordo para expandir as iniciativas Sul-Sul e acelerar o intercâmbio entre a Empresa e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
Entre as ações previstas estavam a seleção pública de um pesquisador sênior, com a missão de articular e cruzar a pesquisa brasileira com as necessidades dos técnicos e produtores de países em desenvolvimento; e um Ciclo de Debates, realizado na Embrapa Estudos e Capacitação/Brasília (DF), sobre essa atuação internacional.
Outra equipe de Vanuatu volta ao Brasil em abril. Desta vez, a capacitação acontecerá na Embrapa Hortaliças/Brasília (DF) e Embrapa Arroz e Feijão/Santo Antônio de Goiás (GO), os próximos passos a caminho.
Durante o mesmo período, um grupo de cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas Florestais, Agrícolas e Pecuárias (Inifap - México) esteve no Centro também para conhecer os estudos referentes à iLPF e aprofundar-se em melhoramento, manejo e sanidade de bovinos de corte com os pesquisadores da Embrapa Gado de Corte.
O programa de visita foi elaborado dentro das demandas dos técnicos do Inifap e “isso fez muita diferença, otimizou o roteiro e ficou alinhado ao que buscávamos.
Temos fazendas muito tecnificadas e outras nem tanto e muitas pequenas, uma pecuária de corte familiar. Algumas estratégias de melhoramento são semelhantes, mas estamos um pouco fora de ordem e é possível organizar.
Os sistemas integrados estão em nosso país, porém é agricultura mais pecuária ou floresta mais pecuária e não os três juntos, podemos aprimorar”, revela o líder do Programa de Melhoramento de Gado de Corte do Instituto, Jorge Alfredo Quintal Franco.
Para o próximo mês, uma comitiva da Nova Zelândia desembarca em Mato Grosso do Sul.
Seja do Norte ou do Sul, o intercâmbio de conhecimento é sempre o melhor resultado. (Embrapa)