04/04/2014 10h39
Para monitorar problemas de estocagem, pesquisadores da Embrapa Agroenergia irão instalar réplicas dos tanques utilizados nas usinas.
Ações fazem parte do projeto “Desenvolvimento e validação de métodos inovadores para a garantia da qualidade do biodiesel e de suas misturas ao diesel".
Fatores que podem alterar a qualidade do biodiesel são objeto de um novo estudo da Embrapa Agroenergia/Brasília (DF).
O foco da pesquisa é o monitoramento da qualidade do biodiesel, desde a usina onde ele é produzido até os postos de combustíveis, a fim de conhecer melhor o comportamento do combustível isolado e em mistura com o diesel.
Para tanto, os cientistas vão utilizar as análises exigidas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de desenvolver novas metodologias que permitam identificar adulteração, degradação e contaminação química e microbiana.
A partir dos resultados obtidos, também serão desenvolvidas estratégias para inibir a ação de agentes responsáveis pela degradação, salienta a pesquisadora da Embrapa Agroenergia e líder do projeto, Itânia Soares.
Uma das possibilidades é encontrar aditivos multifuncionais que possam minimizar os processos degradativos.
Problemas de qualidade podem afetar qualquer produto, inclusive os combustíveis fósseis.
Quando isso acontece, surgem problemas como corrosão, entupimento de filtros e bicos injetores, além de outros danos nos motores de veículos. O diesel de petróleo pode passar por degradação química ou microbiana assim como o biodiesel.
Este, no entanto, é mais higroscópico, ou seja, tem maior tendência a reter umidade, favorecendo o crescimento de microrganismos. Fatores como luz, calor e umidade também podem comprometer a qualidade do biodiesel, pois causam oxidação.
Para garantir a qualidade do biodiesel, são necessárias ações em todos os pontos da cadeia, da fabricação à venda ao consumidor final, passando pela mistura, pelo armazenamento e pelo transporte.
Isso foi destacado por representantes do setor produtivo, revendedores, institutos de pesquisa e governo em workshop sobre o tema realizado pela Embrapa Agroenergia em agosto de 2012.
Naquele evento, as questões relacionadas à estocagem do B5 (diesel com 5% de biodiesel) e ao transporte em vários modais (rodoviário, ferroviário, fluvial e marítimo) foram apontadas como as que dificultam a manutenção da qualidade do combustível.
Nesse sentido, a equipe do projeto da Embrapa Agroenergia coletará amostras em pontos de produção, transporte e distribuição do biodiesel, além de postos de revenda do B5.
Para isso, contará com apoio da União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene (Ubrabio), do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), e da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis).
As coletas serão feitas no Centro-Oeste, região que respondeu, em 2012, por cerca de 45% da produção nacional do biocombustível, de acordo com dados da ANP.
Para monitorar problemas que podem acontecer durante a estocagem, os pesquisadores instalarão na Embrapa Agroenergia réplicas dos tanques utilizados nas usinas para armazenar o biodiesel.
Eles vão avaliar possíveis alterações no biocombustível ao longo de 90 dias, no período de seca e no chuvoso, para medir principalmente a influência da umidade no processo de degradação.
Um dos pontos de destaque do projeto é o uso de técnicas avançadas para buscar microrganismos contaminantes pela análise do DNA.
Com essa metodologia, é possível identificar linhagens não cultiváveis, que correspondem a cerca de 99% da biodiversidade microbiana.
As ações de pesquisa fazem parte do projeto “Desenvolvimento e validação de métodos inovadores para a garantia da qualidade do biodiesel e de suas misturas ao diesel”, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Além da Embrapa Agroenergia, participam do projeto o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a ANP. A duração prevista para o estudo é de três anos. (Embrapa)