04/04/2014 15h43
A escassez de chuvas no primeiro trimestre de 2014 pode trazer sérias consequências para a produção de café arábica no Brasil, com perdas que irão de 15% da colheita estimada a 50% nas lavouras situadas em regiões de baixa altitude, onde choveu menos neste ano e os solos são arenosos.
O diagnóstico faz parte de um estudo do professor Alemar Braga Rena, especialista em fisiologia e nutrição de plantas, cafeicultor na Zona da Mata e engenheiro agrônomo formado pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), de Minas Gerais.
No documento, intitulado “Seca e Alta Temperatura nos Cafezais Brasileiros: um estudo de caso e sua amplitude nacional”, o professor alerta que este período pode ser considerado como “a segunda maior anomalia climática na produção cafeeira brasileira”, sendo superado apenas pela época da “geada negra”, ocorrida em 1975.
O levantamento define quatro cenários para as perdas da cafeicultura. No primeiro, tendo como base as melhores lavouras, situadas em altitudes elevadas, com solos férteis e ricos em matérias orgânicas, as perdas deverão ficar em 15%.
Nessas mesmas condições, mas onde os índices pluviométricos não foram tão baixos, as perdas deverão oscilar ente 20% e 30%.
Já nas lavouras de baixa altitude, com poucas chuvas e solos arenosos, as perdas irão variar de 30% a 50%.
Em relação às lavouras jovens, com quatros anos ou menos de existência, dependendo dos índices pluviométricos e do teor de matéria orgânica no solo, as perdas poderão ultrapassar a 50%.
O documento alerta, ainda, que, os danos à lavoura podem afetar as safras 2015/2016 e 2016/2017, “caso não haja chuvas abundantes nos próximos 120 dias”.
Este é o prazo necessário para se recuperar a deficiência hídrica do solo da maioria das regiões produtoras de café. “A planta pode sofrer danos irreparáveis no médio prazo”, conclui o estudo. (CNA)