07/04/2014 07h00
Evento que reuniu representantes da Organização Mundial da Saúde classificou o Brasil como “ator chave” no combate às doenças em eliminação, como a hanseníase, esquistossomose e tracoma.
O programa brasileiro de combate a doenças em eliminação do Ministério da Saúde foi elogiado na semana passada em Paris durante o evento “Unindo para combater doenças tropicais negligenciadas: uma conversa sobre o progresso”, que reuniu representantes da Organização Mundial da Saúde (OMS) e de governos de diversos países.
Uma das ações reconhecidas pela diretora-geral da OMS, Margaret Chan, foi a campanha para diagnóstico dos casos suspeitos de hanseníase realizada em escolas brasileiras no último ano.
A coordenadora de Hanseníase e Doenças em Eliminação do Ministério da Saúde, Rosa Castália, apresentou o conjunto de políticas desenvolvidas pelo governo brasileiro no enfrentamento a essas doenças.
A taxa de prevalência de hanseníase no Brasil caiu 65% nos últimos 10 anos, passando de 4,33 casos por 10 mil habitantes, em 2002, para 1,51, em 2012.
Assim como a China e a Índia, o país foi chamado de “ator chave” por desenvolver programas que integram prevenção, diagnóstico e tratamento de várias enfermidades de uma só vez, com campanhas de detecção, entre outros.
Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, as ações para o enfrentamento dessas doenças vêm contribuindo para a alteração do cenário no Brasil.
“Com as campanhas de conscientização e detecção, estamos conseguindo oferecer maior visibilidade para essas doenças e vamos diminuir cada vez mais os casos no nosso país”, destacou.
Além de detectar a hanseníase entre menores de 15 anos, público-alvo da iniciativa, o Ministério da Saúde ofereceu pela primeira vez tratamento coletivo com vermífugo em 852 municípios, considerados prioritários.
Cerca de 3,8 milhões de alunos foram submetidos ao exame inicial e 243 mil foram encaminhados para avaliação nas unidades de saúde, sendo confirmados para a doença cerca de 300.
Uma nova campanha nas escolas será realizada pelo Ministério da Saúde, ainda em 2014, com o acréscimo de mais 150 municípios.
“A campanha é de fundamental importância para conscientizar a população sobre a existência da doença e sobre a disponibilidade do tratamento ofertado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Com a divulgação, conseguimos descobrir focos de transmissão não identificados antes.
Nesses locais onde existem crianças com hanseníase, geralmente também existem adultos com a doença que não iniciaram o tratamento”, garante o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa.
Em janeiro de 2014, o Ministério da Saúde lançou ação educativa dirigida à população e aos profissionais de saúde para o combate à hanseníase.
Com slogan “Hanseníase tem cura”, a iniciativa orienta os profissionais de saúde a identificar os sinais e sintomas da enfermidade, visando o diagnóstico precoce.
A ação está acontecendo durante todo o ano de 2014 nas capitais e nas cidades com mais de 100 mil habitantes das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, além da Baixada Fluminense, das regiões metropolitanas de São Paulo e Belo Horizonte e do norte de Minas Gerais.
Essas áreas são consideradas, pelo Ministério da Saúde, como prioritárias para combate à doença por concentrarem a maioria dos casos.
Criado em 2012, o programa brasileiro (Plano Integrado de Ações Estratégicas de Eliminação da Hanseníase, Filariose, Esquistossomose e Oncocercose como Problema de Saúde Pública, Tracoma como Causa de Cegueira e Controle das Geohelmintíases) tem como objetivo o desenvolvimento e implantação de políticas públicas para redução da carga de doenças em eliminação.
A intenção é que, em conjunto com estados e municípios, sejam desenvolvidos planos locais de eliminação dessas doenças em todo o território brasileiro, promovendo ações de saúde pública e de inclusão social, em coerência com os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS).
A queda na taxa de prevalência da hanseníase é resultado das ações de combate à doença, intensificada nos últimos anos.
Em 2012, o Brasil registrou 33.303 casos novos e o coeficiente de detecção foi de 17,17/100 mil habitantes na população em geral.
Em menores de 15 anos, o coeficiente foi de 4,81/100 mil habitantes, redução percentual acumulada de 40% na comparação com o período de 2003 a 2012 (7,98/100 mil habitantes).
Cinco estados apresentam coeficiente de prevalência acima de três casos por 10 mil habitantes (Mato Grosso, Tocantins, Maranhão, Pará e Rondônia) e três estados a menor taxa de prevalência (Rio Grande Sul com 0,12/10 mil habitantes; Santa Catarina 0,29/10 mil e São Paulo 0,34/10 mil). (Agência Saúde)