08/04/2014 09h37
“A agricultura de precisão é uma questão que precisa ser trabalhada com o jovem, pensando na sucessão familiar.
Com ele capacitado e dedicando-se à propriedade familiar, permanecendo no campo”, afirmou o chefe da Divisão Técnica do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural do Rio Grande do Sul (Senar/RS), João Augusto Telles, durante apresentação sobre o Programa de AP do SENAR na reunião da Comissão Brasileira de Agricultura de Precisão, que aconteceu na sexta-feira (04), no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
“Não adianta as máquinas evoluírem e os produtores não conseguirem operá-las.
O Senar está levando essas capacitações em agricultura de precisão e também nas áreas de tecnologias como, por exemplo, o programa de inclusão digital.
Isso ajuda na inclusão do jovem e, consequentemente, auxilia o produtor a operar as tecnologias embarcadas”, afirma. Para Telles, além do jovem, é preciso abrir espaço para as mulheres rurais e capacitá-las também.
“Temos filhas de produtores que estão procurando na cidade ofertas de trabalho porque não encontram oportunidades no campo.
Sei de um caso no Rio Grande do Sul, por exemplo, que a filha de um produtor saiu da propriedade, foi trabalhar na cidade como operadora de caixa e pouco depois o pai contratou um operador de máquinas ganhando R$ 2 mil.
Se as mulheres estivessem capacitadas, poderiam ajudar as famílias. Porque as máquinas hoje estão evoluídas e precisam de jeito e não de força. Então, porque não aproveitar o trabalho da mulher?” questionou.
O chefe da Divisão Técnica do Senar/RS relatou à Comissão de AP que o Senar está encontrando dificuldades para fechar parcerias e treinar os instrutores em AP.
“Precisamos que as empresas nos ajudem, porque melhorando a capacitação dos instrutores, estaremos atendendo o produtor rural,” avalia.
João Telles relatou ainda os ganhos que já estão acontecendo, principalmente em áreas associadas à irrigação com uso de AP.
Segundo ele, os resultados chegam a com picos de mais de 300 sacos de milho por hectare e também picos de 100 sacos de soja por hectare.
Questionado sobre a continuidade da assistência ao produtor que fizer a capacitação em AP do Senar, Telles afirmou que a entidade dará suporte. “O Senar está criando uma rede de assistência técnica que além de outros temas, tratará da agricultura de precisão.”
O presidente da Comissão de AP no Ministério da Agricultura, professor José Paulo Molin, disse que o grupo precisa fazer o lobby da agricultura de precisão nas empresas de máquinas agrícolas para que elas abram as portas para o Senar.
“Acredito que precisamos fazer o lobby institucional da AP nas empresas, pois pode ser que elas não tenham conhecimento da comissão e do trabalho que desenvolvemos.
Eu mesmo me disponho a bater na porta delas e apresentar nosso trabalho, porque elas precisam jogar nosso jogo, afinal, vão contribuir para desenharmos o cenário da agricultura de precisão no Brasil”.
Para este ano, o programa de AP do Senar prevê a capacitação teórica dos instrutores na Embrapa Instrumentação, em São Carlos (SP), e a capacitação prática nas empresas John Deere, AGCO, New Holland e Stara. (Senar Central)