12/05/2014 10h30
O relatório Perspetivas Alimentares da FAO oferece a primeira previsão para os mercados de alimentos mundiais em 2014/15.
As condições meteorológicas em vários países e as tensões políticas na região do Mar Negro tornaram os mercados de alimentos mais voláteis, de acordo com a edição mais recente do relatório semestral da FAO – Perspectivas Alimentares.
Nesta primeira grande previsão para 2014, a FAO estima o valor da produção de cereais em 2.458 milhões de toneladas (incluindo o arroz branqueado), 2,4 por cento abaixo do recorde atingido em 2013 mas, ainda assim, prevê-se que esta seja a segunda maior produção mundial de cereais já registada.
É provável que a redução seja mais acentuada nos cereais secundários. No entanto, os níveis dos stock ainda se mantêm relativamente elevados.
Os analistas afirmam que para já, antes do início das principais temporadas agrícolas de 2014/2015, não há motivo para preocupação, assumindo que os fluxos comerciais não sejam prejudicados pelas tensões na região do Mar Negro.
Em geral, espera-se que as reservas globais de cerais se mantenham em níveis relativamente confortáveis, de acordo com este relatório, uma publicação semestral que contém informações sobre a situação de mercado a curto prazo e as perspectivas sobre os principais produtos alimentares.
O declínio nos preços e as condições climáticas criadas pelo fenômeno El Niño podem fazer com que a produção de arroz mundial em 2014 seja menor, especialmente na Ásia.
Na Tailândia, uma redução dos preços do produtor poderá ser o principal fator por detrás de uma contração no plantio e na produção de arroz.
Embora a produção possa ser mais baixa, o comércio internacional deverá atingir níveis recordes em 2014, apoiado pela oferta abundante dos países exportadores e de um maior volume de aquisições por parte dos importadores tradicionais, como o Bangladesh, a Indonésia e as Filipinas.
A fatura das importações de alimentos mundiais em 2014 pode estabilizar em 1,29 mil milhões de dólares, mas espera-se que aumente a dos produtos de origem animal, devido ao aumento dos volumes comerciais e dos preços.
Segundo o relatório, tanto a produção de carne, como a de leite, deve aumentar em 2014. A produção mundial de carne vai subir ligeiramente para as 311,8 milhões de toneladas, um aumento de 1,1% em relação a 2013, refletindo o aumento nos países em desenvolvimento, que são também responsáveis pelo crescimento da procura mundial.
Existem diferenças profundas nas projeções comerciais de acordo com as variedades de carne, com carne de vaca e de aves em ascensão e a ovina e a suína em declínio.
A carne de aves ainda é o principal produto comercializado, com 43% do total do mercado, seguida pela carne bovina, suína e ovina, respectivamente.
Embora os preços internacionais da carne permaneçam em níveis historicamente elevados desde o início de 2011, sem indícios de uma diminuição generalizada, os preços internacionais dos lacticínios caíram em março e abril, registando níveis próximos dos do ano passado.
O comércio de leite deverá crescer 1,8% para as 69 milhões de toneladas, impulsionado principalmente pelo aumento da procura na Ásia.
A recuperação econômica dos mercados tradicionais dos EUA e da União Europeia pressiona a procura por peixes e por produtos pesqueiros, juntamente com o já forte interesse por parte das economias emergentes, como o Brasil e o México.
Esta procura, aliada à escassez da oferta em várias espécies de aquacultura e de captura, tem elevado os níveis gerais dos preços. Mais uma vez, o clima deverá ter impacto, uma vez que os padrões climáticos do El Niño poderão reduzir os níveis das capturas na América do Sul.
As espécies mais populares de aquacultura são o salmão, o camarão, o bagre e a tilápia e, de captura, o camarão, a lula, o polvo e o arenque. Os preços do atum, da cavala e do bacalhau diminuíram ligeiramente.
Em 2013/2014, os preços dos óleos e das farinhas foram negociados em alta, refletindo uma queda na oferta por parte dos EUA, uma desaceleração do crescimento da produção de óleo de palma, e empurrando para baixo as estimativas da produção de soja.
O consumo mundial de óleos e farinhas deve continuar em expansão, impulsionado pelo aumento da oferta e pela crescente procura dos países em desenvolvimento na Ásia, embora o consumo possa crescer menos do que o esperado, devido aos elevados preços internacionais e a uma grande disponibilidade de milho.
A produção de açúcar foi mostrando declínios marginais, mas espera-se que o comércio cresça devido ao aumento da procura nos países importadores.
A FAO também publicou o seu Índice de preços dos alimentos, que registou uma média de 209,3 pontos em abril de 2014, um decréscimo de 3,5 pontos (1,6%), em comparação com março, e 7,6 pontos (3,5%) abaixo de abril de 2013.
A queda dos preços em abril foi causada principalmente por uma baixa acentuada nos preços do leite, mas também do açúcar e do óleo vegetal. Por outro lado, os preços dos cereais e da carne permaneceram um pouco mais elevados.(www.fao.org.br)