16/05/2014 16h33
Secas no Semiárido se tornarão mais intensas e mais frequentes, destaca gestor. Reunião abordou a adaptação brasileira às mudanças.
Audiência pública no Senado Federal abordou a adaptação brasileira às mudanças climáticas e as medidas para financiar e diminuir a vulnerabilidade às secas e às enchentes.
Na ocasião, o secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Carlos Nobre, reforçou a importância das ações na área de adaptação, diante do cenário de eventos climáticos extremos cada vez mais intensos e frequentes.
“Não há precedentes na história da Terra de se alterar o balanço de radiação na atmosfera – que é o que os gases de efeito estufa fazem – numa taxa tão rápida”, disse, na sessão da Comissão Mista Permanente sobre Mudanças Climáticas, na terça-feira (13).
Para Nobre, se as mudanças climáticas estão acontecendo mais rapidamente, é preciso também mudar a estratégia de adaptação tendo como foco políticas públicas – especialmente no Brasil, onde a discussão ficou muito centrada em mitigação, inclusive com protagonismo e avanços a partir da redução do desmatamento. Por outro lado, a ciência brasileira, comentou, tem dado a sua contribuição.
Como exemplo, ele lembrou a criação da Rede Clima, em 2008, pelo MCTI. “A rede, que agrega todos os aspectos de mudanças climáticas, foi muito na direção de adaptação”.
Para o especialista, apesar dos avanços da ciência, a consequência dessa perturbação é um experimento desconhecido e é impossível obter previsões absolutas.
O certo, na sua avaliação, é que o regime de estabilidade que permitiu o surgimento da agricultura e o agrupamento de populações humanas nos últimos 12 mil anos está ameaçado.
“Toda a civilização que nós conhecemos nos últimos 10 mil anos dependeu da agricultura,que dependeu dessa estabilidade climática”, sublinhou.
O climatologista destacou, ainda, eventos extremos históricos registrados recentemente no Brasil num intervalo de cerca de 120 anos. No caso do Nordeste, duas secas consecutivas – em 2012 e em 2013.
“Então esse é um extremo e todos os cenários climáticos disponíveis hoje indicam que no futuro, talvez o futuro já tenha chegado, as secas no Semiárido se tornarão mais intensas e mais frequentes e mais intensas.”
Na Amazônia, entre 2005 e 2014, foram registradas duas secas históricas e as três maiores enchentes em 2009, 2012 e 2004.
“O IPCC no seu relatório, lançado em março, diz que o regime da Amazônia está alterado e isso é devido às mudanças climáticas. Então a região tem que se preparar para conviver com essa situação”, frisou. (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação)