20/05/2014 08h28 - Atualizado em 20/05/2014 08h28
Elas e eles estão em processo de destituição do poder familiar; quatro já podem ser adotadas. Palestra vai abordar mitos e verdades da adoção, dia 24
Valéria Araújo
A cidade de Dourados tem 80 crianças acolhidas em abrigos e que estão em processo de destituição do poder familiar para serem adotadas. Destas, quatro já estão totalmente livres para receberem um novo lar e uma nova família.
As demais ainda estão em processo de separação da família biológica, uma vez que depois que os pais perdem a guarda, é estudada a possibilidade da criança ficar com parente próximo, que ofereça condições de segurança e vida digna. Para discutir o assunto, o Grupo de Apoio à Adoção de Dourados (Gaad)realiza palestra no próximo dia 24, das 14h às 17h no Sesi.
De acordo com Shirley Manzeppe, membro do Gaad, o objetivo do evento é esclarecer mitos e verdades sobre a adoção. “O mito mais comum é achar que a adoção tardia, que é aquela em que a criança tem acima de dois anos, causará problemas no convívio familiar, ou que a criança levará traumas para o resto da vida. Por causa desse medo é que 80% dos casais ainda preferem os recém nascidos. Temos que mudar esta mentalidade porque todas as crianças merecem ter uma família, um lar e carinho”, destaca.
Shirley explica que a palestra será ministrada pela juiza da Vara da Infância, Juventude e do Idoso de Campo Grande, Katy Braun do Prado. O evento acontece em referência ao 25 de maio, data em que se reflete sobre o Dia Mundial da Adoção. Conforme ela, todos os interessados sobre o tema podem participar. A inscrição é gratuita e pode ser feita no local. Haverá certificado aos participantes. Mais informações poderão ser obtidas pelo telefone: 3427 0203 ou via email: [email protected].
Em Dourados, o Grupo de Apoio à Adoção atua como um espaço de apoio, reflexões e compartilhamento de situações e vivências sobre a adoção. Desde que implantado há 3 anos, o grupo já ajudou a realizar diversas adoções em Dourados. O grupo é formado por profissionais de diversas áreas, psicólogos, médicos, advogados, pais que já adotaram e pessoas que foram adotadas.
Abrigos
Se por um lado existem crianças para serem adotadas em Dourados, por outro, 44 casais estão na fila de espera. As 80 crianças e adolescentes abrigadas estão distribuídas em quatro entidades de acolhimento, que são fiscalizadas pelo Núcleo de Orientação e Fiscalização (Nof). Conforme a entidade, o maior índice de acolhimento está relacionado aos pais envolvidos em tráfico de drogas, violência doméstica, abandono e negligência por oferecerem risco aos menores.
O Lar Santa Rita atende crianças de até 7 anos. O lar Ebenezer é um abrigo feminino para crianças de 7 a 14 anos. O Renascer é o único governamental, e atende crianças de 14 a 18 anos. O Instituto de Amparo ao Menor (Iame) é masculino e atende até os 18 anos.
Programas
A Vara da Infância de Dourados, representada pelo Juiz Zaloar Murat Martins, oferece três principais projetos de adoção, auxílio e bem-estar das crianças abrigadas em Dourados. O “Adotar” faz triagem com os casais interessados em crianças já destituídas do poder familiar. O programa atende desde 2005. A coordenadora do projeto, Aparecida Harumi Nakano Oshiro, explica que para adotar, os casais passam por triagem e curso preparatório. Todo processo até o casal ser qualificado e apto para adotar uma criança demora em média 3 meses. Segundo Aparecida, a principal dificuldade é que a maioria dos casais se interessa por crianças recém-nascidas ou com, no máximo, um ano. Isto faz com que as maiores permaneçam mais tempo nos abrigos.
Padrinho
O Projeto Padrinho existe desde 2003 em Mato Grosso do Sul. Beneficia crianças que moram nos abrigos e as que estão em situação de risco, inclusive assistidas pela Vara da Infância e Juventude de Dourados. Hoje, o Projeto conta com dezenas de padrinhos. Eles são divididos em doadores de bens e materiais, prestadores de serviços, como médicos, psicólogos entre outros profissionais. Existem os afetivos, que levam as crianças para dias de lazer. Qualquer pessoa acima de 18 anos pode se cadastrar como padrinho. Não há limite de vagas. A função do apadrinhamento é contribuir de alguma maneira com a criança. Fica a critério do padrinho o tempo e tipo de ajuda, que pode ser material, afetiva, profissional e educacional. O Projeto Padrinho atende dezenas de entidades, atua auxiliando o judiciário como um apoio técnico e ainda cria oportunidades de crianças fora da faixa etária de adoção convencional serem adotadas em razão do convívio familiar.
Pai de verdade
Criado em outubro de 2007 na Comarca de Dourados, o projeto Pai de Verdade tem como foco informar e conscientizar os pais da importância do reconhecimento de seus filhos. Ano a ano, dezenas de mães recebem algum tipo de informação sobre a importância de seu filho ter o nome do pai no registro de nascimento e como proceder para que o reconhecimento da paternidade aconteça.