21/05/2014 07h31 - Atualizado em 21/05/2014 07h31
Mais de 450 profissionais poderão aderir ao movimento nacional grevista, caso não haja avanços em reunião
Valéria Araújo
Professores da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD) podem decidir se aderem ao movimento nacional de indicativo de greve. Os mais de 450 educadores em Dourados fazem mobilização e vigília durante todo o dia de hoje para acompanhar as negociações entre o Sindicato Nacional da categoria e Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, que acontecem em Brasília. Paralelamente a isto, uma comissão estará junto aos meios de comunicação para explicar à população sobre a situação da categoria.
O objetivo, é criar um diálogo com a comunidade acadêmica e prestar esclarecimentos à sociedade em geral sobre o estado dessas negociações. Apesar do movimento de hoje, as aulas na universidade não serão prejudicadas e acontecerão normalmente.
As paralisações estão previamente agendadas para junho, caso a categoria não obtenha sucesso nas reivindicações. Dentre estas, a categoria está buscando a implantação do Plano de Cargos e Carreiras que leve em conta o piso da categoria, a valorização salarial, melhorias nas condições de trabalho e autonomia universitária.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Professores da UFGD, Janes Dari Goettert, os professores universitários federais não tiveram as reivindicações atendidas nem durante e nem depois da grande greve de 2012. “Em todo este tempo, o governo federal, munido de um acordo assinado com um sindicato nada representativo, tem criado dificuldades e obstáculos ao diálogo e negociações sobre valorização salarial, reestruturação da carreira, melhoria das condições de trabalho e autonomia universitária. Indiferente a nossas solicitações, o governo ameaçou a categoria com cortes orçamentários que reduziriam investimento com Pessoal, Seguridade e outras Políticas Sociais”, destaca. Segundo ele, a greve de 2012 causa atrasos até hoje. A previsão de regularizar o calendário escolar é para o final desde ano, dois anos depois da greve.
Outro ponto que está sendo discutido é o baixo reajuste salarial imposto pelo governo federal em 2012. Segundo o professor, o “aumento” dividido em três parcelas de 5%, em 2013, 2014 e 2015, não foi suficiente nem para a reposição das perdas inflacionárias do triênio anterior e muito menos para uma recomposição salarial pleiteada pela categoria. “Os vencimentos são separados por um conjunto de “linhas” (gratificações etc.) que não garantem nem a remuneração dos professores ativos nem dos aposentados (que têm sofrido perdas gigantescas nos últimos anos)”, explicou.
O plano de carreira que teria sido imposto pelo governo federal em 2012 também é motivo de reclamação. Segundo a categoria, o piso desestruturou ainda mais a contratação e a permanência segura de docentes nas Universidades federais. “Estamos sem piso salarial, sem lógica de evolução, sem relação entre regimes de trabalho e titulações. Precisamos de melhores condições de trabalho: abertura de salas, de laboratórios e de bibliotecas. O desenvolvimento de Faculdades e de Universidades inteiras está ameaçado pela falta de professores e de técnicos”, reivindica o professor.
Paralisação
De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das instituições Federais, o dia de hoje será marcado pelo pela paralisação da categoria no Brasil. Em todo o país, as Seções Sindicais do ANDES-SN estão organizando paralisações, mobilizações, atos e panfletagem para que a data fique marcada como um importante momento da luta pela reestruturação da carreira docente,
Marinalva Oliveira, presidente do sindicato nacional ressaltou a importância da mobilização da categoria. “Nossas propostas são consistentes, têm respaldo da categoria e esperamos que o processo avance para que produza resultados positivos o mais rápido possível sobre as condições de trabalho dos professores e sobre a qualidade acadêmica nas instituições federais de ensino”, afirmou Marinalva.
A categoria tem 142 mil trabalhadores na ativa em 63 universidades federais do Brasil. A maior concentração, em número de universidades federais, está em Minas Gerais, com 14 unidades. Já a maior concentração de trabalhadores está no Rio de Janeiro, com 23 mil pessoas.