08/06/2014 14h55 -
Folha.com
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou a maneira como a imprensa internacional vem retratando a situação da economia brasileira e disse que não consegue entender o "pessimismo" em relação ao Brasil.
Lula participou de um seminário promovido pelo jornal "El País" em Porto Alegre.
O ex-presidente disse que a mídia estrangeira retrata o México em um estado mais confortável do que o Brasil, o que é uma "mentira". Para ele, os mexicanos não têm indicadores comparáveis aos brasileiros.
Muitas vezes, a imprensa internacional, sobretudo alguns jornais ingleses e americanos, teimaram em dizer que o Brasil estava totalmente quebrado e que a grande novidade do século 21 era o México.
Eu fiquei interessado no que estava acontecendo no México de diferente do Brasil. (Mas) está tudo pior do que o Brasil, inclusive aumentou a pobreza.
Nesta sexta-feira (6), o Banco Central do México reduziu a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual, alcançando a marca de 3% ao ano, contra 11% do Brasil.
Adiante, ao falar sobre o aumento da infraestrutura de transmissão de energia, Lula ironizou: "Estou falando isso para depois o 'El País' publicar uma matéria.
Porque, se depender também de alguns correspondentes... Tem correspondentes de jornais estrangeiros que ficam em Copacabana lendo jornais brasileiros e mandando matéria.
E, se depender da imprensa brasileira, o Brasil acaba todo dia."
Na saída do evento, Lula afirmou que o governo federal precisa melhorar a comunicação com a mídia estrangeira. O petista também disse que Dilma Rousseff é a presidente mais atacada na história pela imprensa e afirmou que a situação só é comparável à Venezuela de Hugo Chávez.
CONSELHOS
O discurso de Lula no evento foi centrado em questões de economia. Em diversos momentos, citou medidas que poderiam melhorar a situação da economia, como o aprofundamento das relações com outros mercados, e se referiu ao secretário do Tesouro, Arno Augustin, que estava na plateia.
Lula afirmou que o país precisa promover mais o crédito, já que o cenário é de diminuição da demanda. "Não temos que ter medo. Temos que ser mais afoitos. Seguir apenas a rotina técnica não dá mais certo. É preciso colocar um pouco de charme, um pouco de social para a gente melhorar um pouco a situação."
Ao final, disse que, se depender de Augustin, "a gente não faz nada". "Não é por maldade dele, não. É porque um tesoureiro de sindicato é assim. A nossa tesoureira dentro de casa, a nossa mulher, também é assim. Não quer gastar nada."
Lula afirmou ainda que é otimista, mas classificou o momento atual da economia internacional como "talvez o mais delicado" devido à crise que os Estados Unidos e a Europa "não sabem resolver".