23/07/2014 08h00
O Conselho Federal de Medicina (CFM) estará junto com a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) na prevenção de desaparecimento de crianças.
A Comissão de Ações Sociais do CFM propõe que o tema seja também abordado pela igreja católica, a fim de esclarecer a população sobre como evitar o sumiço de crianças.
Em reunião na sexta-feira (18), em Brasília, o membro da Comissão de Ações Sociais do CFM, Ricardo Paiva, apresentou ao Dom Leonardo Steine, secretário-geral da CNBB, a campanha já desenvolvida pelo CFM que propõe divulgar 10 medidas que previnem o desaparecimento de crianças e de duas medidas de como proceder caso ocorra a fatalidade. (saiba mais)
Paiva pediu para que a igreja católica, por meio da CNBB e Vaticano, aborde o tema com a comunidade. Uma nova apresentação do tema foi agendada para a reunião dos bispos do país em setembro.
“Os números realmente impressionam e nós, como igreja, podemos trabalhar mada mudar essa realidade. Abriremos a possibilidade de uma parceria”, apontou Dom Leonardo.
Presente na reunião, a secretária executiva do Setor Mobilidade Humana da CNBB, irmã Rosita Milesi lembrou que o tema é pertinente, pois vai ao encontro ao tema da Campanha da Fraternidade de 2014 que trata sobre Tráfico Humano. “Precisamos nos unir e lutar, com todas as forças e com todos os meios possíveis contra esses crimes”.
O membro do CFM repassou informações preocupantes: “pouco se sabe quantas são as crianças desaparecidas no Brasil, trabalhamos com a informação de que se tenham 250 mil desaparecidas, uma média de 50 mil ao ano”.
Paiva ainda alertou: “o Governo Brasileiro reconhece que 10 a 15% destas crianças permanecem desaparecida, contudo as organizações internacionais apontam que metade delas não é encontrada”.
Segundo ele, os dados da Fundação das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estima-se que um milhão e duzentas mil crianças sejam traficadas por ano. Essas crianças são fundamentalmente levadas para o trabalho escravo, sexual e doação de órgãos.
Durante a reunião, Ricardo Paiva ainda enfatizou a dificuldade de se manter um cadastro no país. Apontou que o cadastro oficial, do Ministério da Justiça - www.desaparecidos.gov.br- possui 354 fotos cadastradas, o que está muito aquém da realidade brasileira.
Para representante do CFM, a inexistência de um cadastro nacional e integrado dificulta encontrar essas crianças.
“Não se pode procurar rostos desconhecidos. O cadastro é o primeiro passo para o reconhecimento”. Ricardo Paiva solicitou à CNBB que, com peso institucional, cobre um cadastro atualizado e internacional.
Recentemente o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou a Recomendação CFM nº 4/2014, alertando os profissionais médicos e instituições de tratamento médico, clínico, ambulatorial ou hospitalar, que ao atender uma criança, fique atento a procedimentos que auxiliam na busca por crianças desaparecidas.
“São aspectos de saúde e dignidade humana que inseridos no âmbito das responsabilidades do profissional médico. Em algum momento essas crianças devem passar em uma consulta e o médico pode ser a chave para o resgate”, defendeu o 1º vice-presidente do CFM, Carlos Vital Corrêa Lima.
O documento do Conselho chama atenção para que os médicos estejam atentos às atitudes das crianças: “observar como ela se comporta com o acompanhante, se demonstra medo, choro ou aparência assustada; Observar se existem marcas físicas de violência, como cortes, hematomas ou até abusos”.
A Recomendação do CFM ainda alerta para que os médicos exijam a documentação do acompanhante. “A criança deve está acompanhada dos pais, avós, irmão ou parente próximo.
Caso contrário, pergunte se a pessoa tem autorização por escrito”, destaca o documento que completa: “desconfiar se o acompanhante fornecer informações desencontradas, contraditórias ou não souber as perguntas básicas”. (Conselho Federal de Medicina)