25/07/2014 10h16 - Atualizado em 25/07/2014 10h16
Delegada da 1ª DP de Campo Grande, Ana Cláudia Medina, investiga mortes de três mulheres após sessões de quimioterapia na Santa Casa
De Campo Grande
Familiares de Carmen Insfran Bernard, 48 anos, Norotilde Araújo Greco, 72 anos, e Maria Glória Guimarães, 61 anos, mulheres que morreram após sessões de quimioterapia na Santa Casa de Campo Grande, prestaram depoimento na manhã de ontem (24) à delegada Ana Cláudia Medina, da 1ª Delegacia de Polícia.
Este foi o primeiro contato que a delegada teve com as famílias desde que o inquérito foi aberto, no dia 22. Cada um dos casos foi registrado individualmente como "morte a esclarecer", já que ainda não foi comprovado crime.
Medina explica que, segundo os depoimentos, todos os óbitos envolveram circunstâncias semelhantes, como por exemplo: as três mulheres tinham o mesmo tipo de câncer (colorretal), elas passaram por sessões de quimioterapia à base do medicamento fluoracil (5-FU) durante o mesmo período (mês de junho), apresentaram reações adversas e morreram em seguida (Carmen dia 10, Norotilde dia 11 e Maria Glória no dia 12 de julho).
Outro ponto importante destacado pela delegada é que as doenças das vítimas não estavam em estágios avançados, e todas elas demonstravam bastante otimismo quanto à recuperação.
"Segundo os familiares, as mulheres estavam haviam sido informadas que seus casos não eram graves e que por isso, o medicamento a ser administrado no tratamento não seria tão agressivo, o que poderia nem mesmo causar queda dos cabelos durante as sessões de quimioterapia", explicou Medina.
Quem também será ouvida é Margarida Isabel de Oliveira, que chegou a passar mal por causa do medicamento, mas acabou se recuperando.
Todos os relatos colhidos na manhã de ontem serão confrontados com provas e resultados de exames a serem apresentados pela comissão interna do hospital, que também investiga as mortes.
O próximo passo será as oitivas com o corpo técnico da Santa Casa. "Os próximos depoimentos devem ser colhidos na semana que vem",avaliou.
Família
Celeide Araújo Bruccieri, de 53 anos, irmã de Norotilde, espera que as investigações tragam à tona os verdadeiros motivos das mortes.
"A gente precisa entender o que aconteceu, para que assim, outras pessoas não precisem passar pelo mesmo sofrimento que a gente passou", disse.
Ela conta que a irmã descobriu o câncer em março e que entre os dias 24 e 28 de julho foi submetida a pelo menos três sessões de quimio e radioterapia no setor de oncologia da Santa Casa.
Depois do tratamento, Norotilde apresentou piora significativa no quadro clínico, mas todos imaginavam que fosse uma reação natural ao tratamento. "Fomos ao hospital, mas diziam que era normal", contou.
O tempo passou e sintomas como inchaço nos membros superiores e inferiores, feridas na boca e garganta, diarreia, dores pelo corpo e dificuldades para comer, só pioraram.
"No dia 5 de julho levamos ela para o pronto socorro, onde foi internada e ficou até o dia em que faleceu", explicou Celeide, ainda espantada com o ocorrido. "Ela estava tão bem. O câncer não era tão grave, e achávamos que ela fosse escapar", completou.