08/08/2014 14h08 - Atualizado em 08/08/2014 14h08
Tem médico que chega a cobrar por fora para realizar procedimento de parto
Flávio Verão
A saúde não está de "pernas bambas" somente para quem é usuário do Sistema único de Saúde (SUS). Quem tem plano pago também tem sofrido na hora de agendar uma consulta médica com especialistas de diferentes áreas.
Em Dourados a reclamação é geral. Operadoras não estão cumprindo os prazos determinados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que determina prazos para o atendimento que o usuário precisa. O máximo é de 21 dias úteis para internação e procedimentos de alta complexidade, 14 dias para consultas e 10 dias para atendimento com fonoaudiólogo, nutricionista e psicólogo.
Para algumas especialidades básicas, como ginecologia, obstetrícia, clínica médica e pediatria, a ANS determina que a espera do paciente seja ainda menor: sete dias úteis. Exames clínicos e de laboratório devem ser agendados em, no máximo, três dias.
Mas não é isso o que se vê no mercado. Dejair Salatini diz que a dificuldade de se conseguir uma consulta pela Unimed faz parte de sua rotina. "Ou espera ou paga por uma consulta particular", diz ele. Dependendo da especialidade, só há vagas para atender quem é de plano de saúde com 60, 90, 120 dias. "Tem um dermatologista que só agenda consulta pra no mínimo quatro meses de espera. A alegação é que o plano de saúde paga mal", disse ele, que já fez inúmeras reclamações no plano de saúde e nada foi resolvido.
Enquanto alguns médicos limitam a quantidade de atendimento de pacientes de plano de saúde em seus consultórios, de dois ou três por dia, outros, para não deixar de atender, cobram por fora em alguns procedimentos, como parto. Uma usuária que pediu para não ser identificada fez todo o acompanhamento pré-natal pelo plano, porém, o seu obstetra, só realizará o parto com o pagamento de R$ 3 mil.
Por confiança no trabalho do profissional, ela disse que seu marido já combinou o pagamento antes do parto, que deve ser feito nos próximos dias. "Como vou denunciar o médico que fará o meu parto?, indagou a usuária do plano.
O diretor do Órgão de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon) em Dourados, Rosemar de Matos, lembra que se a operadora não garantir o atendimento, ela deve ser denunciada à ANS e ao Procon. "A denúncia tem que ser feita para que seja instaurado um procedimento administrativo que pode acarretar na multa do plano de saúde pelo descumprimento do prazo, como até mesmo a suspensão de vender novos planos de saúde em determinada modalidade", explica Rosemar. Porém, poucos são os usuários que vão ao Procon.
O Dourados Agora tentou contato com a operadora Unimed em Dourados, mas ninguém se pronunciou.