18/08/2014 16h24 - Atualizado em 18/08/2014 16h24
Flávio Verão
Muitas pessoas não gostam de ir em cemitério, seja por medo dos mortos ou por ter ouvido alguma "história sombria" que povoa o local. Os contos, reais ou não, sempre serão colecionados para serem contados por alguém.
Após flagrar um 'trabalho' bem ao lado do portão de entrada do cemitério Santo Antônio de Pádua, o mais antigo da cidade, um leitor entrou em contato com o Dourados Agora. "Chega a dar um mal estar ao ver uma coisa dessa", disse ele, que preferiu não se identificar.
O 'trabalho' ao qual o leitor se refere provém da Umbanda, religião que veio da cultura afro, somada aos costumes indígenas, além de influências de outras religiões.
Conforme constatou a reportagem, o 'trabalho' foi realizado no interior de um vaso de plantas, onde foram colocados velas nas cores amarela e preta. Há também flores, um pano vermelho e bebidas alcoólicas. Tudo indica que o 'trabalho' foi mexido por algum terceiro, pois a oferenda está espalhada.
Segundo a médium Leda Maria, praticante de umbanda, esse tipo de trabalho é comum nessa religião. "Tudo indica que seja pagamento para alguma alma", disse ela, explicando que geralmente a oferenda é colocada próxima ao cruzeiro, local onde são acesas as velas.
Ainda de acordo com Leda, esse tipo de oferenda é feita quando alguma alma passa a perturbar um familiar ou qualquer outra pessoa a qual o morto teve vínculo. "Neste caso, a pessoa perturbada procura um terreiro de umbanda e o mentor da Casa pede esse tipo de oferenda para encerrar o trabalho", explica.
Mas nem todas as oferendas realizadas pela umbanda nos cemitérios referem-se a algum tipo de pagamento. Alguns rituais são ofertados para entidades da própria religião, como forma de receber energia vital, por exemplo.
Segundo Leda, a Candomblé, outra religião afro, também realiza 'trabalho' no cemitério, porém os produtos de oferenda são diferenciados. A cultura oriental também utiliza-se de oferenda, principalmente com comidas, depositas em cima de túmulos.