26/08/2014 12h00
Mães e pais paraibanos que ganharam por decisão liminar da Justiça o direito de importar o canabidiol, composto químico proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), contaram na audiência como a substância vem ajudando no tratamento de patologias neurológicas que têm como característica comum um quadro de epilepsia.
A liminar — para tratamento de 12 crianças, 2 adolescentes e 2 adultos — foi concedida na 1º Vara da Justiça Federal de João Pessoa. Segundo os pais e mães, desde o início do uso do canadibiol já é visível a melhora da situação de saúde dos filhos.
O Estado está sendo omisso. Temos não apenas o desejo, mas a urgência dessa regulamentação. Que se estenda a discussão sobre o uso recreativo, mas que esse uso medicinal seja o mais rapidamente possível regulamentado — disse Sheila Geriz.
Mães relataram o progresso na saúde dos filhos após o uso de medicamentos derivados da maconha. Uma mudança de abordagem sobre a questão das drogas e da dependência química foi levantada por Vladimir de Andrade Stempliuk, membro da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia, e pela assessora do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC) Nara Santos. Segundo eles, o Brasil precisa focar a prevenção do uso de drogas pela população, não a proibição.
Há percepção de que a atual política sobre drogas não tem produzido os resultados esperados e tem agravado a situação da violência e superlotação dos sistemas prisionais, principalmente nos países pobres e em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.
E tem contribuído para a perpetuação de preconceitos e o aumento da exclusão social das parcelas mais vulneráveis das populações — avaliou Stempliuk. (Jornal do Senado)