29/08/2014 13h33 - Atualizado em 29/08/2014 13h33

Paciente aguarda há quatro anos cirurgia no joelho

O problema que deveria ter sido resolvido com cirurgia simples na cidade agora é crônico e paciente tem que fazer procedimento fora de Dourados

Flávio Verão

A aposentada Marinalva Aparecidada de Souza, de 57 anos, é o retrato do descaso da saúde pública. Moradora no Canaã I, em Dourados, ela aguarda uma cirurgia no joelho direito há 4 anos. Hoje, o laudo médico atesta artropatia, uma doença que designa a destruição progressiva do osso e dos tecidos moles das articulações. Ao longo desses anos, ela peregrinou entre posto de saúde, especialistas de ortopedia e a Secretaria de Saúde. O tempo foi passando e o problema que originou após uma queda se agravou e Marinalva deixou de andar. A maior parte do tempo ela passa na cama, pois as fortes dores a impedem de permanecer na cadeira de rodas.

O principal “alimento” do seu dia a dia é o remédio para conter a dor, porém, a medicação já tem provocado problemas em seu estômago. “Não posso mais tomar remédio de dor e aprendi a conviver com as ferroadas que sinto constantemente no joelho. Não é fácil, mas tenho que suportar”, disse ela.

Se não bastasse o problema de saúde, Marinalva ainda enfrenta dificuldades financeiras. Ela recebe um salário mínimo com a aposentadoria por invalidez e com esse dinheiro tem que custear as despesas da casa e sustentar dois netos que moram com ela. Na residência ainda mora o filho da aposentada, de 32 anos, que deixou de trabalhar para realizar os afazeres da casa.

Denise, comadre de Marinalva, auxilia a família. “Sou indígena e moro na aldeia e ajudo no que posso. Auxilio ela a se locomover dentro de caso e sempre quando tenho condições trago algum alimento”, conta a comadre, que entra em desespero ao ver a família se alimentar apenas com arroz. “Quando isso acontece eu peço ajuda para as pessoas”, relata.

Por causa da longa espera pela cirurgia, Denise procurou a Defensoria Pública para tentar conseguir a cirurgia de Marinalva, que de tanto ficar parada na cama desenvolveu artrose no outro joelho. “Se eu tivesse condições de pagar uma cirurgia eu já teria feito o procedimento”, diz a paciente, que chegou a fazer um orçamento e o custo particular é de R$ 39,2 mil. A paciente questiona a falta de assistência que recebeu ao longo desses quatro anos. “Eu tenho encaminhamento cirúrgico de mais de três anos atrás quando o problema no joelho não era grave. Mas o tempo foi passando até chegar ao estado crítico e me parece que a cirurgia agora nem é feita pelo SUS em Dourados”, questionou, se dizendo ser o retrato do descaso da saúde.

**Prefeitura

O Dourados Agora procurou a Prefeitura que por meio de nota informou que a cirurgia de Marinalva só é feita em Campo Grande. "O pedido para encaminhamento dela já foi feito pela Secretaria de Saúde de Dourados através da Central de Regulação para que a capital realize a cirurgia. No entanto, até o momento, Campo Grande não apresentou disponibilidade da vaga para receber a paciente. Este pedido segue vigente", disse a assessoria da Prefeitura.

Informou, ainda que, a Secretaria de Saúde trabalha para cumprir a decisão judicial favorável à paciente, através da compra do procedimento. No entanto, para isso precisa seguir todos os trâmites legais, que incluem a fase atual que é de levantamento de preços. Assim que todos os trâmites forem concluídos, a cirurgia será realizada.