03/09/2014 06h51 - Atualizado em 03/09/2014 06h51
Objetivo é manter indicações em dia já que Estado continua descredenciado e deixa 400 na fila à espera da cirurgia
Valéria Araújo
Com transplantes parados desde o início deste ano, a Santa Casa de Campo Grande iniciou a convocação de pacientes para realizarem os exames pré operatórios. Nos últimos dias 25 e 26 foi realizado um primeiro mutirão com os pacientes do interior.
O objetivo, segundo a Santa Casa, foi manter as indicações em dia. No entanto, apesar de estar habilitada para oferecer o serviço a unidade continua com as equipes descredenciadas. Para voltar a atender, os servidores terão que passar por reciclagem e por aprovação do Ministério da Saúde. Enquanto isso a Santa Casa faz mutirão para manter os cadastros dos quase 400 pacientes que estão na fila. Ainda não há previsão que quando a unidade voltará a prestar o serviço.
Enquanto fica suspenso o serviço, os pacientes que precisam de um transplante ‘amargam’ à espera. Em Dourados, 53 pacientes estão cadastrados e prontos para o transplante em doador cadáver, mas não têm previsão de quando poderão realizar a cirurgia. Se esta espera é angustiante para estes pacientes, é ainda mais frustrante para quem tem doador vivo. Isto porque os pacientes enfrentam verdadeiro “calvário” para conseguir tratamento fora.
Na busca pela vida, 21 pacientes de Dourados estavam sendo “exportados” para São Paulo com a finalidade de realizarem os procedimentos clínicos para transplantes. Destes, 8 são com doador vivo. O problema é que a assistência prestada pelo Estado é limitada e os pacientes precisam arcar com altas despesas devido à locomoção.
O presidente da Associação dos Renais Crônicos de Dourados (Renasul), José Feliciano Paiva, disse que os pacientes estão revoltados com a suspensão do serviço. Segundo ele, o transplante é a única chance do renal crônico sobreviver à doença.
“Para os transplantados, como eu, é muito difícil ver que os companheiros que ainda precisam da cirurgia não vão sair da máquina de hemodiálise. Muitos desistem do tratamento, entram em depressão e desistem de esperar; desistem de viver este verdadeiro calvário que é fazer o tratamento em Mato Grosso do Sul”, lamenta, pontuando que, somente em 6 meses, 11 pacientes de Dourados morreram na fila do transplante no ano passado.
A presidente do Conselho Municipal de Saúde de Dourados, Berenice de Oliveira Machado Souza, sente na “pele” a desassistência em relação aos pacientes renais. Ela luta há quase 5 anos pelo transplante de rim do filho de 32 anos. Fato que chama a atenção é que o jovem tem o doador vivo, que é o pai e mesmo assim não consegue.