05/09/2014 06h59 - Atualizado em 05/09/2014 06h59
Em greve branda, policiais alegam que estrutura é defasada. Protesto marca 1 ano de espera por adicional de fronteira
Valéria Araújo
A produtividade da Polícia Federal em solucionar crimes caiu 48% em Mato Grosso do Sul. A baixa nos rendimentos é justificada pela desmotivação e pelo modelo de estrutura que a categoria considera ultrapassado. Ontem, dezenas de servidores federais protestaram nas rodovias que cortam Dourados.
Com bolo de aniversário em mãos, eles cobraram o adicional de fronteira, que é um benefício para servidores que atuam na divisa com outros países, ou seja, linhas por onde passam contrabando, tráfico de drogas, armas, descaminho. Eles receberiam R$ 91 a mais por dia para atuar nestas regiões. O problema, é que a lei 12.855/2013, apesar de aprovada, completa um ano de espera, já que ainda não foi regulamentada. Esse seria um dos motivos pelos quais policiais que atuam na fronteira já não querem mais ficar.
Atrelado a outros fatores como a falta de estrutura, o problema ganha força e gera impunidade. Em Mato Grosso do Sul, dados da PF apontam queda de 36% de prisões por tráfico de drogas. O comparativo aponta 759 indiciados em 2011 e 489 em 2013. Em relação a todos os crimes, o índice de MS caiu mais do que o nacional. Foram 48% de queda na resolução dos crimes em MS contra 40% no País. As prisões por colarinho branco tiveram queda de 88% no país nos últimos anos enquanto as prisões por corrupção caíram 75%.
De acordo com o representante do Sindicato dos Policiais Federais de MS, Marcos Peixoto, as manifestações que acontecem em todo o Brasil, têm como objetivo garantir melhor segurança para a sociedade porque o que está “em jogo” é a autonomia e independência da instituição. “Lutamos pela reestruturação da Segurança Pública, pois o atual modelo é ultrapassado, burocrático e ineficiente”, diz.
A categoria destaca ainda a lei 9.266/96 que criou a obrigação de nível superior para todos os policiais federais. “Apesar dessa lei estar em vigor há 18 anos o Governo Federal ainda tratava os agentes federais como se fossem do nível médio. Não reconhecia as nossas atribuições complexas e nem colocava nossos subsídios no mesmo patamar dos demais cargos da PF. Queremos que os nossos vencimentos voltem ao patamar de 2002, pois não existe razão para sermos desvalorizados dessa forma. Afinal, a PF é a instituição mais respeitada pela população, conforme pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas”, destaca. De acordo com a categoria, as manifestações vão ocorrer até que haja negociação com o Estado.