10/09/2014 14h00
OMM considerou o maior avanço dos últimos 300 milhões de anos; principal responsável é o dióxido de carbono absorvido pelos oceanos.
A Organização Mundial de Meteorologia, OMM, informou esta terça-feira que 2013 registrou um novo recorde na concentração de gases que causam o efeito estufa na atmosfera.
A agência da ONU explica que a causa foi o aumento nos níveis de dióxido de carbono, CO2. No ano passado, a concentração global do gás carbônico na atmosfera atingiu 396 partículas por milhão.
A alta observada entre 2012 e 2013 foi a maior desde 1984. De acordo com dados preliminares, a razão da subida teria sido a redução da absorção de CO2 pela biosfera terrestre, além do aumento constante nas emissões do gás carbônico.
Segundo a OMM, os dados do boletim refletem as concentrações retidas na atmosfera, que representam o que permanece no espaço após complexas interações entre a atmosfera, a biosfera e os oceanos.
Cerca de 25% das emissões totais são absorvidas pelos oceanos e outros 25% pela biosfera, isso acaba reduzindo a quantidade de CO2 na atmosfera.
A agência explica, entretanto, que a publicação não fornece dados sobre as emissões de gases poluentes, que representam a quantidade expelida na atmosfera.
A informação consta do Boletim de gases que causam o efeito estufa, emitido anualmente pela OMM. A publicação realça a urgência quanto à necessidade de uma ação internacional contra a aceleração e as potencialmente arrasadoras mudanças climáticas.
Entre 1990 e 2013, o efeito do aquecimento sobre o clima, conhecido por perturbação radiativa, subiu 34%. Por detrás do fenômeno estiveram os gases de efeito estufa de longa duração, como o dióxido de carbono, o metano e óxido nitroso.
A OMM toma como referência o ano de 1750, a era pré-industrial, ao comparar os níveis dos três elementos na atmosfera. No ano passado, a concentração de CO2 foi 142% maior em relação a esse período, enquanto o metano registrou uma alta de 253% e o óxido nitroso, 121%.
A OMM alerta também que a atual taxa de acidificação dos oceanos não tem precedentes, pelo menos ao longo dos últimos 300 milhões anos. Diariamente, os oceanos absorvem cerca de 4 kg de CO2 por pessoa.
O secretário-geral da agência, Michel Jarraud, disse que o boletim fornece informação para uma tomada de decisões. Ele aponta que os dados da atmosfera e dos oceanos indicam a necessidade de uma ação política urgente.
Segundo Jarraud, há conhecimento e instrumentos de ação à disposição com vista a tentar manter o aumento da temperatura global a 2º C, para que o planeta e as próximas gerações possam ter um futuro.
Neste 23 de setembro, líderes políticos vão se reunir em Nova York numa Cimeira do Clima convocada pelo secretário-geral das Nações Unidas.
Na segunda-feira, Ban Ki-moon manifestou a expectativa de que a reunião seja marcada por negociações para conter o aumento da temperatura abaixo dos 2º C.(Rádio ONU em Nova York)