Dourados
26/09/2014 10h42
Conhecer o comportamento do percevejo na plantação de soja é fundamental para realizar o controle na hora certa. A presença da praga marrom nas plantações vem causando dores de cabeça aos produtores.
No Rio Grande do Sul, uma propriedade enfrentou sérios problemas em 2008, mas conseguiu minimizar os prejuízos.
Segundo o proprietário da Sementes Guabiju, Rodrigo Mascarenhas, conhecer a “rotina” do inseto na plantação foi fundamental para contornar o problema.
Cada ponto tinha uma quantia de insetos. Conforme o tempo foi passando, ia aumentando e se disseminando. A gente descobriu por onde começava e quais eram os pontos críticos da lavoura, que eram as bordaduras e as beiradas de mato.
Com isso, no outro ano a gente já começava o controle bem antes com o monitoramento nessas áreas de risco que são novas áreas sentinela – diz Mascarenhas.
O monitoramento de pragas vem ganhando cada vez mais importância para melhorar a competitividade. Se na década de 1990 a presença de menos de três percevejos por metro quadrado já justificava o controle químico, hoje esse número caiu para menos de um.
Para chegar a esse número, de menos de um percevejo por metro quadrado, o professor da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Jerson Guedes fez um cálculo que leva em conta o preço da soja, dos insumos e a produtividade média da área.
Esse cenário atualizado, mostra que, para um custo de controle também de R$ 30, mesmo daquela época, se pode estimar uma produtividade de 50 sacos de soja por hectare, com um valor de um saco de soja em torno de R$ 65, que produz um denominador da equação muito maior do que aquele.
Um custo do controle idêntico daria um novo início de dano econômico para percevejo em torno de 0,37, ou seja, menos de meio percevejo por m² ou menos de cinco mil percevejos por hectare produziriam uma redução da produção de soja capaz de pagar o controle – explica.
O aumento da área com soja intacta nesta safra pode trazer mudanças de cenário não só em relação à lagarta, mas também ao percevejo.
Com menos pulverizações para a lagarta, o percevejo poderia ganhar espaço. Segundo o professor, também existe a possibilidade de que os inimigos naturais do inseto sugador também registrem aumento na população.
Não existem trabalhos muito seguros sobre isso, existem algumas hipóteses que podem ocorrer. Uma das possibilidades é que diminua a ocorrência dos percevejos se as populações dos inimigos naturais vierem a crescer sem aplicações para a lagarta.
A outra possibilidade tem sido mais robusta e considerada pelos pesquisadores, que é a possibilidade de retirada das aplicações feitas para lagartas – diz. (Canal Rural)