29/10/2014 17h43
O reconhecimento de sistemas de compartimentação da produção avícola deve demorar para ocorrer no Brasil. A avaliação foi feita na sexta-feira (24/10) pelo diretor presidente da Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar), Inácio Kroetz. Ele participou do Workshop de Avicultura Paranaense, em Foz do Iguaçú.
Na avaliação dele, que já foi secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, o sistema é importante para a biossegurança. No entanto, a falta de estrutura de fiscalização deve comprometer o atendimento à demanda do setor privado.
Kroetz explicou que o modelo deve ser desenvolvido pela agroindústria, que busca a homologação de acordo com as normas oficiais do Brasil.
A partir daí, pode-se pedir o reconhecimento internacional pela OIE e, consequentemente, dos mercados consumidores.
“Até que o Ministério reconheça e tenha condições de provar junto à OIE, com a atual estrutura que o Mapa e os estados têm, deixa a desejar em capacidade operacional para provar que tem isso sob controle”, avaliou.
A ideia da compartimentação é tornar mais eficiente a gestão sanitária da produção, especialmente contra a gripe aviária e a doença de Newcastle.
O monitoramento é feito de forma específica em cada parte do processo produtivo. A intenção é reduzir impactos econômicos e aumentar a segurança da cadeia produtiva.
Nesta semana, o governo publicou a norma brasileira. Define as medidas além dos critérios e exigências de certificação. Segundo o Ministério da Agricultura, desde 2008 o modelo era discutido, com apoio da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE).
“No caso de termos uma manifestação da influenza aviária, todo o país estará fechado. Mas a compartimentação conseguiria ficar imune e continuar produzindo e exportando”, explicou Inácio Kroetz.
Kroetz comentou também que a produção avícola no Paraná está cada vez mais adensada, o que traz riscos para a biossegurança. Segundo ele, de 2007 a 2014, o números de propriedades cadastradas no governo estadual cresceu 90% desde 2007, incluindo a produção não industrial.
Significa que, no caso de um contágio por gripe aviária ou doença de Newcastle, por exemplo, a população de aves será bem maior no foco a ser delimitado.
“A biosseguridade é uma questão séria e as ameaças continuam existindo”, ressaltou, lembrando da epidemia de gripe da aves no sudeste asiático. “O fluxo de pessoas e produtos no mundo é muito grande e há um risco real.” (Revista Globo Rural)