31/10/2014 14h26
A oferta de tratamentos pela rede pública ajudaram a reduzir os casos da doença no Brasil.
Os casos de hanseníase no Brasil reduziram em 26% nos últimos dez anos. A divulgação é um dos destaques do estudo Saúde Brasil 2011, apresentado durante a 12ª Mostra Nacional de Experiências Bem-Sucedidas em Epidemiologia, Prevenção e Controle de Doenças (Expoepi), realizado pelo Ministério da Saúde.
A publicação também mostra que o número de novos casos de hanseníase em menores de 15 anos caiu 32% no mesmo período. Em 2011, foram registrados 2.420 casos e um coeficiente de detecção de 5,2 por 100 mil habitantes. Em 2001, o coeficiente era de 6,96.
O estudo, que faz uma análise da situação de saúde dos brasileiros, revela ainda que o coeficiente de detecção de casos novos por 100 mil habitantes também reduziu: 26,61 (2001) para 17,65 (2011) – queda de 34%.
A redução pode ser justificada pela ampliação da oferta de tratamento nas unidades públicas de saúde, pelo aumento da capacidade de profissionais para realizar diagnósticos e, ainda, pelo esforço dos profissionais da rede básica e dos centros de referência.
Até 2015, o Ministério da Saúde tem como meta eliminar a hanseníase como problema de saúde pública, o que significa alcançar menos de um caso por 10.000 habitantes.
Em 2011, o Brasil registrou 1,54 casos para cada 10.000 habitantes, correspondendo a 29.690 casos em tratamento.
Para impulsionar o combate à hanseníase como problema de saúde pública, foi lançado o “Plano Integrado de Ações Estratégicas para Enfrentamento das Doenças em Eliminação”. O plano está focado nas atividades de busca ativa de casos e oferta de tratamento para este grupo de doenças.
O Ministério da Saúde também disponibilizou recursos de R$ 25 milhões para 796 municípios prioritários, com a maior carga de Hanseníase, Tracoma, Geohelmintíases e Esquistossomose.
A hanseníase é uma doença infecciosa que atinge a pele e os nervos dos braços, mãos, pernas, pés, rosto, orelhas, olhos e nariz. O tempo entre o contágio e o aparecimento dos sintomas é longo e varia de dois a cinco anos.
É importante que, ao perceber algum sinal, a pessoa com suspeita de hanseníase não se automedique e procure imediatamente um serviço de saúde mais próximo.
Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são manchas nas áreas da pele com diminuição de sensibilidade térmica (ao calor e frio), tátil (ao tato) e à dor, que podem estar em qualquer parte do corpo, principalmente nas extremidades das mãos e dos pés, na face, nas orelhas, no tronco, nas nádegas e nas pernas.
É preciso observar manchas esbranquiçadas, avermelhadas ou amarronzadas em qualquer parte do corpo e áreas da pele.
Estas manchas não causam coceiras, mas produzem a sensação de formigamento e ficam dormentes, com diminuição ou ausência de dor e da sensibilidade.
A transmissão se dá entre pessoas. Uma pessoa doente que apresenta a forma infectante da doença, estando sem tratamento, elimina o bacilo pelas vias respiratórias (secreções nasais, tosses, espirros), podendo assim transmiti-lo para outras pessoas suscetíveis.
O bacilo de Hansen tem capacidade de infectar grande número de pessoas, mas poucas pessoas adoecem porque a maioria tem capacidade de se defender contra o bacilo.
Assim que a pessoa doente começa o tratamento, deixa de transmitir a doença. Portanto, ela não precisa ser afastada do trabalho, nem do convívio familiar e pode manter relações sexuais com seu parceiro ou parceira.
A doença é provocada pelo bacilo Mycobacterium leprae, também conhecido como Bacilo de Hansen. A hanseníase é de grande importância para a saúde pública devido à sua magnitude e seu alto poder incapacitante, atingindo principalmente as pessoas em faixa etária economicamente ativa, comprometendo seu desenvolvimento profissional e/ou social.
Todos os casos de hanseníase têm tratamento e cura. A doença pode causar incapacidades físicas, evitadas com o diagnóstico precoce e o tratamento imediato, disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS). O tratamento, que é gratuito e eficaz, pode durar de seis a 12 meses.
Os medicamentos devem ser tomados todos os dias em casa e, uma vez por mês, no serviço de saúde. O tratamento é complementado com exercícios, para prevenir as incapacidades físicas, e com as orientações da equipe de saúde.
Toda pessoa que reside ou residiu nos últimos cinco anos com doente de hanseníase, sem presença de sinais e sintomas de hanseníase no momento da avaliação, deve ser examinada e orientada a receber a vacina BCG para aumentar a sua proteção contra a hanseníase. Deve também receber orientação no sentido de que não se trata de vacina específica para a hanseníase.
Estudos realizados no Brasil e em outros países verificaram que o efeito protetor da BCG na hanseníase variava de 20% a 80%, concedendo maior proteção para as formas multibacilares da doença.
Em alguns casos o aparecimento de sinais clínicos de hanseníase, logo após a vacinação, pode estar relacionado com o aumento da resposta imunológica em indivíduo anteriormente infectado. (Ministério da Saúde / Brasil Sem Miséria)