03/11/2014 07h51 - Atualizado em 03/11/2014 07h51
Até poucos dias atrás o valor era de R$ 3; alta ameaça impactar na caipirinha que pode ficar mais cara
Valéria Araújo
O preço do limão taiti disparou nos últimos dias em todo o Brasil como resultado da forte estiagem durante o período de entressafra da fruta. Com isso produtos, como a tradicional caipirinha, que depende do limão, pode custar mais caro. A fruta passou de R$ 3 o quilo para R$ 11,19 em menos de um mês.
De acordo com o empresário Edson Dutra, do Supermercado Big Bom, a caixa de 27 quilos chegou semana passada do fornecedor de Curitiba ao preço de R$ 115. Ele disse que até o início do mês passado o consumidor pagava R$ 3 o quilo da fruta, depois passou para R$ 4,78 seguindo para R$ 9,19 e no último dia 18 passou a R$ 11,19 o quilo. Segundo ele, a alta está gerando situações inusitadas. “Uma cliente comprou o limão e no outro dia veio devolver achando que havíamos cobrado o preço errado, o que não ocorreu”, conta.
Para empresários do ramo de bares e lanchonetes, que utilizam o produto, se o preço não se normalizar, a caipirinha poderá sofrer os impactos, ficando mais cara e atingindo o bolso do consumidor. Para o empresário Cacá Brasil, da Água Doce Cachaçaria, para não repassar a alta para os clientes, ele vem reduzindo a margem de lucro e aposta em outros sabores para “adoçar” o bolso do cliente. “Além da caipirinha tradicional de limão, estamos trabalhando com uma infinidade de frutas”, conta.
O empresário Jairo Gonçalves Martins do Procópiu’s Boliche, diz que a caipirinha custa hoje R$ 8,50. Mais otimista, ele acredita que a alta seja passageira. “Todos os anos acontece isso na entressafra do limão. Depois o preço volta ao normal”, explica, observando que para driblar as altas conseguiu um fornecedor de Dourados que vende mais barato.
Brasil
De acordo com a Agência Estado, em média nos últimos dias, o produtor negociou a caixa de 27 quilos da fruta entre R$ 90 e R$ 100. O valor é 20 vezes maior do que os R$ 5 por caixa cobrados em período de safra, com oferta alta, e mais que o triplo das médias mensais de R$ 30 por caixa de períodos de entressafra.
Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), o preço médio mensal para o mês de outubro pode superar o maior valor médio mensal registrado até então, de R$ 51,78 a caixa. “Até dezembro temos o período da entressafra, com período de menor oferta ainda. Se voltar a chover é possível melhorar a oferta com as frutas que não foram colhidas agora por conta da seca e que estão com o desenvolvimento atrasado”, disse Fernanda Geraldini Palmieri analista de mercado do Cepea.
Quem comemora são os produtores. Segundo o presidente da Câmara Setorial da Citricultura do Ministério da Agricultura, Marco Antonio dos Santos, os mais beneficiados são os pequenos produtores e também os que possuem pomares irrigados. Só na região de Taquaritinga (SP) são cerca de 2 mil citricultores e, segundo Santos, “muitos estão conseguindo compensar os preços ruins da laranja”, afirmou.