Dourados
04/11/2014 08h08 - Atualizado em 04/11/2014 08h08
Inadimplência gera rombo de R$ 16 milhões no comércio e ameaça o faturamento na época mais esperada dos comerciantes, que é a venda natalina
Valéria Araújo
O comércio de Natal em Dourados terá 35.654 clientes impedidos de comprar no crediário. O número é o total de inadimplentes cadastrados nos últimos 5 anos no Serviço Central de Proteção ao Crédito (SCPC) da Associação Comercial e Empresarial de Dourados (ACED).
Para o comércio, que busca se recuperar da baixa dos últimos meses, os números podem ser alarmantes e até mesmo ameaçar o faturamento nesta que é a época mais aguardada do setor. Além do “sumiço” dos quase 36 mil que só poderão comprar à vista, o comércio terá que lidar com as dívidas dos inadimplentes, que juntas passam de R$ 16,4 milhões; valor que os comerciantes não têm a mínima previsão de quando irão receber.
De acordo com a assessoria da Aced de Dourados, somente no mês de outubro (até o dia 20) exatos 982 clientes tiveram o crédito negativado. o que totalizou o valor R$ 641.355,90 em dívidas. Por outro lado saíram do cadastro de inadimplência 797 clientes, o que totaliza o valor R$ 590.700,17 no mesmo período.
Apesar dos prejuízos causados pela inadimplência, o comércio de Dourados não fará campanhas pontuais para garantir a recuperação dos créditos para que estes clientes voltem a comprar, como faz a Capital.
De acordo com o diretor do SCPC da Aced, Francisco Eduardo Custódio, pensando nesta situação, a entidade criou em 2012, a Central de Recuperação de Crédito que oferece suporte no serviço de cobrança destes consumidores inadimplentes.
A cobrança é feita por meio da Agilex, empresa terceirizada especialista em cobranças e com uma equipe preparada para esta abordagem. Segundo Francisco, para aliviar a carga das dívidas que podem comprometer o faturamento nas vendas de natal, o comerciante tem a opção de ingressar neste serviço, que funciona de forma contínua e não apenas em épocas pontuais. Ele diz que muita dívida ainda existe porque a adesão ao programa está sendo baixo.
Outra dica do diretor para o empresário é para que ele tenha mais cuidado na oferta e aprovação do crédito. “É preciso uma avaliação mais criteriosa, principalmente nos pagamentos via nota promissória e cheques”, destaca, observando que estima que mais de 400 empresas em Dourados ainda utilizem estes métodos.
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Cândido Gimenez, orienta aos comerciantes para realizar programas de conciliação das dívidas e parcelar os juros para que o inadimplente possa voltar a comprar.
“Um bom período para realizar estas conciliações é agora a partir de 20 de novembro, quando a maioria dos consumidores recebem pagamento da primeira parcela do 13º salário”, destaca.
Cândido diz que para ajudar a superar os prejuízos e fomentar as vendas, a CDL está preparando uma campanha de incentivo às compras com descontos. “Alguns fatores prejudicaram o comércio, como o fechamento das lojas em vários dias de feriado gerado na Copa. Além disso, o comércio sofre com a alta dos juros e a inflação. O preço sobe e os clientes somem. Apesar disso, creio que o faturamento pode ser igual ou cerca de 10% maior do que o ano passado, tendo em vista que a agricultura vai bem e gera otimismo”, diz. O presidente recomenda o pagamento à vista para evitar os juros.
