Dourados
17/11/2014 10h18 - Atualizado em 17/11/2014 10h18
Somente este ano a Guarda Municipal realizou mais de 12.8 mil visitas e fez 429 boletins de atendimentos; o número é 30% maior em comparação ao ano passado
Valéria Araújo
A Guarda Municipal de Dourados registrou mais de 50 boletins de ocorrência nas escolas municipais de Dourados. O número, apesar de alarmante ainda é menor do que no ano passado que registrou 20% a mais de casos do que este ano.
De acordo com os dados da Guarda, foram 429 boletins de atendimento somente este ano. Tratam-se de ocorrências como agressões ou discussões mais acirradas em que houve intermédio da Guarda Municipal.
De acordo com o comandante da Guarda Municipal, João Vicente Chencareck, somente este ano, 12.867 visitas foram realizadas nas escolas. O número é 30% maior do que no ano passado. “A Guarda fez um planejamento estratégico que garantiu mais visitas nas escolas. Com isso, reduzimos as ocorrências”, destaca.
Vicente explica ainda que as regiões onde ficam concentradas as escolas foram mapeadas e a GM se organiza em realizar palestras sobre os assuntos que mais geram problemas naquela unidade escolar. “A conversa e orientação com os alunos está dando bons resultados. Nossas palestras são direcionadas e tratam da realidade local. São temas como drogas, uso de armas, bullying, agressões entre outros que estão presentes na vida de muitos dos alunos”, explica, observando que a Guarda Municipal faz a ronda em 55 escolas que somam juntas 60 mil alunos.
Crimes
Apesar de estar diminuindo, o número de crimes nas escolas ainda é alarmante. Em maio deste ano três jovens foram apreendidos e encaminhados à delegacia do menor de Dourados porque estavam armados em duas escolas da cidade. No local eles apreenderam um jovem de 16 anos que estava em sala de aula com uma faca de aproximadamente 20 centímetros.
No mesmo horário, após receber denúncia, a equipe do Getam da Polícia Militar se deslocou até outra escola e encontrou dois adolescentes uniformizados, de 14 e 15 anos, do lado de fora da instituição. Durante vistoria foi encontrado com o menor de 14 anos um revólver calibre 22, contendo sete munições intactas e uma capsula deflagrada. Os três menores foram apreendidos e encaminhados à delegacia do menor em Dourados.
Polícia Civil
A Polícia Civil também iniciou este ano um ciclo de palestras em escolas públicas de Dourados contra a violência. Organizada pelos delegados Antônio Carlos Videira (titular da Delegacia Regional) e Andreia Alves Pereira (adjunta da Delegacia do Menor), a campanha tem como objetivo prevenir os adolescentes de ingressarem no mundo do crime. Durante os encontros, a polícia esclarece o que é a violência e a consequência penal diante do ato infracional do menor.
Dentre os temas abordados estão o bullying escolar e o cyberbullying, que é a forma de usar o espaço virtual para intimidar e hostilizar uma pessoa (colega de escola, professores, ou mesmo pessoas desconhecidas), difamando, insultando ou atacando covardemente. De acordo com a delegada Andreia, como ainda não há uma legislação em vigor sobre este ato, a polícia enquadra estas infrações em crimes do Código Penal, como injúria, difamação e calúnia. “Na escola, o aluno pre-cisa saber que ele será penalizado com sanções administrativas, que vão desde advertências a expulsões”, destaca.
Andreia diz que o tema drogas também é de suma importância na prevenção dos menores de ingressarem ao mundo do crime. Por causa disso, o tema ganhou destaque. A polícia mostrou imagens dos principais entorpecentes e as consequências do uso ou tráfico por menores. Segundo ela, são muitos os adolescentes hoje envolvidos com furtos, roubo, posse e tráfico de drogas e este foi o fator incentivador da campanha. Com o tema “Projeto ter ou ver e não querer é consciência.
Diga não às drogas”, a campanha pretende chegar a todas as escolas públicas de Dourados. A primeira unidade a receber a palestra foi a Escola Estadual Maria da Glória, que conta com quase 600 alunos. Temas como Deus e família também foram abordados pela delegada.
O coordenador da escola, Claudio de Araújo Panacho, disse ao O PROGRESSO que hoje as crianças já não sabem brincar. “Tudo é motivo para eles e elas partirem para a agressão física, que é o maior tipo de violência registrado na escola”.
Além da delegada Andreia, participaram da palestra o promotor aposentado Jorge Gonçalves Upiran, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), os policiais Fernando Gonçalez e Laide Araújo, além de professores e coordenadores.
