26/11/2014 10h00
O feijão BRS Estilo, da Embrapa, apresentou rendimento de 560 quilos a mais por hectare em comparação a outras cultivares.
Os dados são de um estudo conduzido durante a safra de inverno, de abril a junho, nos estados para os quais a cultivar é recomendada: Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. O acréscimo por hectare equivale a R$1.654,87, em valores do produto de 2013.
Cultivar desenvolvida pela Embrapa em parceria com outras instituições de pesquisa, a BRS Estilo foi também alvo de estudos agroeconômicos mais amplos. Um deles avaliou o desempenho da cultura nas cinco regiões brasileiras durante safras das águas e da seca.
Quando a cultivar foi avaliada em Rondônia, Pernambuco, São Paulo e Minas Gerais e nas regiões Centro-Oeste e Sul, o rendimento da variedade foi entre 22% e 28% superior comparando-a a outras disponíveis no mercado.
Nesse trabalho, a BRS Estilo alcançou rendimentos médios de 1.993 quilos por hectare, o que representa 393 quilos a mais do produto por hectare em relação às cultivares atualmente utilizadas.
Esse incremento médio significa um lucro para o agricultor de R$ 1.245,54 por hectare, considerando-se a remuneração paga pelo produto em 2013.
A pesquisa analisou o período das safras das águas, referente ao plantio de agosto a dezembro, e da seca, que engloba o plantio de dezembro a março em três anos sucessivos: 2011, 2012 e 2013.
O levantamento, realizado por pesquisadores da área de Socioeconomia da Embrapa, levou em conta a comparação entre a diferença em produtividade entre cultivares de feijão carioca, o preço pago pelo produto e o custo de produção das lavouras, com a correção de valores feita pelo Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Um dos coordenadores do trabalho, a analista Osmira Fátima da Silva destaca que, na avaliação econômica, a BRS Estilo permitiu aos produtores de feijão um ganho financeiro superior, especialmente, pelo incremento de produtividade e maior racionalização dos fatores de produção, implicando redução de custos para o cultivo na safra das águas, da seca e de inverno.
"Isso foi válido para todos os anos desse trabalho, com exceção de 2013, quando houve um aumento geral dos custos de produção isso, porém, foi acompanhado pela valorização do feijão, o que conferiu ganho líquido ao agricultor", afirmou Osmira.
Ainda de acordo com a analista, foi realizada a avaliação do impacto ambiental da BRS Estilo. Ela informa que, pelo fato de a cultivar apresentar maior nível de resistência às principais doenças do feijoeiro, a necessidade de utilização de defensivos na lavoura diminuiu, reduzindo, por consequência, os potenciais riscos de contaminação de recursos hídricos e do solo, bem como a exposição dos trabalhadores a agentes químicos como fator de insalubridade.
Outra vantagem importante é o fato de a BRS Estilo suportar melhor o ataque de algumas doenças do que outras cultivares atualmente no mercado. Conforme o coordenador do Programa de Melhoramento de Feijão Comum da Embrapa, Leonardo Melo, esse atributo foi constatado em testes realizados em condições controladas e de campo.
"A cultivar BRS Estilo, sob inoculação artificial, em ambiente controlado, é resistente ao vírus do mosaico comum e a alguns patótipos de Colletotrichum lindemuthianum, agente causal da antracnose.
Nos ensaios de campo, mostrou-se suscetível à mancha-angular, ao mosaico dourado e à murcha de fusarium.
Já para a ferrugem e para o crestamento bacteriano comum é moderadamente suscetível e, para antracnose, apresentou moderada resistência", disse Leonardo.
O melhor convívio com as doenças de feijão é diagnosticado também por instituições parceiras que trabalham com a BRS Estilo, como é o caso da Empresa Mato-Grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer-MT).
O pesquisador da instituição, Valter Martins de Almeida, que assiste a pequenos produtores de feijão no Estado, aponta uma característica para as condições ambientais e de cultivo evidenciadas no Mato Grosso. "A BRS Estilo tem certa tolerância a nossa principal doença que é o crestamento bacteriano comum.
Essa característica ajuda bem, pois não há muito a prática de controle via bactericida na lavoura", afirmou Valter.
A despeito dos benefícios, a cultivar não é recomendada para áreas com histórico de murcha de fusarium, um fungo de solo que se encontra disseminado em áreas de cultivo de feijão sob irrigação, via pivô, no Planalto Central.
A cultivar BRS Estilo apresenta arquitetura de planta ereta, com resistência ao acamamento, sendo, portanto, adaptada à colheita mecânica direta. Ela possui ciclo normal (85 a 95 dias) da emergência à maturação fisiológica.
É recomendada, na safra das águas e da seca, para as regiões Centro-Oeste e Sul e os estados de Minas Gerais, São Paulo, Tocantins, Rondônia, Sergipe e Pernambuco.
Na safra de inverno, é indicada para os estados de Goiás, Mato Grosso, Tocantins, São Paulo e Minas Gerais, além do Distrito Federal.
Uma característica atrativa na BRS Estilo, que compõe também um diferencial valorizado pelo mercado de feijão carioca, é a qualidade do grão, que possui listras bege claras, de fundo branco, e com grande uniformidade no formato e tamanho dos grãos.
Esse último atributo é uma vantagem, pois o rendimento de peneira ou de beneficiamento é alto, fator muito valorizado pelo produtor e pela indústria. Isso faz com que se descartem menos grãos no processo de empacotamento.
"É a melhor cultivar em qualidade de grãos carioca que a Embrapa tem atualmente, o que gera um adicional no valor pago pelas indústrias em relação à média do mercado", reforçou o pesquisador Leonardo Melo.
O consultor técnico Taurino Loyola, que assiste a mais de uma dezena de municípios no Paraná também elogia a cultivar.
"A BRS Estilo está bem difundida e é bastante plantada, apresenta excelente qualidade de grão exigido pelo mercado e pelos consumidores", afirmou Taurino. (Embrapa Arroz e Feijão )