08/12/2014 08h31
Douradosagora
A Colônia Paraguaia de Dourados comemora hoje a festa de Nossa Senhora de Caacupe, a santa mais venerada no País vizinho. A celebração, na Praça Paraguaia, no Jardim Independência, inclui manifestações culturais, na manhã de hoje. Neste dia 8 de dezembro, também é o Dia da Padroeira de Dourados, com missa campa e procissão, logo mais à tarde, na Praça Antônio João.
A Colônia Paraguaia é sem dúvida a que mais contribuiu para a formação cultural e identidade do povo douradense. País com fronteira próxima, faz com que características daquela gente sejam vistas no jeito de se vestir, falar e viver em Dourados. Na música, dança, comida e nas atividades do dia-a-dia os traços dos paraguaios são lembrados diariamente.
O indispensável tereré dos douradenses é uma das heranças deixadas que mais confirmam esta existência da cultura dos paraguaios no cotidiano da população da cidade. A sopa paraguaia, está no prato de muitos. A polca e o chamamé se misturaram ao estilo sertanejo do interior do Estado, criando novos ritmos e estilos.
Segundo a Colônia Paraguaia em Dourados, mais de 15 mil famílias com origem e descendência paraguaia moram em Dourados. No Estado, o número de pessoas com algumas proximidade genética com os paraguaios é de 300 mil, de acordo com as informações da Colônia.
Para o historiador Carlos Magno, que estuda a cultura paraguaia há vários anos, o modo de vida dos imigrantes paraguaios, ajudou na construção da identidade dos douradenses. Segundo Magno, na década de 80 e 90, o povo paraguaio era descriminado na cidade.
“Com o passar dos anos, foi se construindo uma identidade local, semelhante com a do povo do Paraguai. Dourados era uma cidade que não tinha uma identidade e começou a ser desenhada através das características paraguaias”, enfatizou Carlos.
Hoje, a cidade possui uma praça que leva o nome e as cores da bandeira daquele país.
A Praça Paraguaia, mostra que os douradenses já têm os imigrantes do país vizinho como irmão. “Isto mostra a importância que a cultura paraguaia tem dentro da nossa cidade, esse local sela a amizade e união desses dois povos, que tanto contribuem culturalmente e financeira um ao outro”, ressaltou o historiador, lembrando à importância do Brasil ao fazer fronteira com o país vizinho.
Mesmo com tantas semelhanças, Dourados é a cidade menos paraguaia da fronteira. “Temos vários outros municípios que possuem traços ainda mais fortes que os deixados aqui. Ponta Porã, Itaporã, Amambai, Caarapó, Laguna Carapã são cidades que levam até no nome a cultura paraguaia” salientou Carlos Magno.Para os próximos anos, o historiador acredita que o modo de vida do douradense será concretizado em um misto de brasileiros e paraguaios. “A cultura se misturou tanto, que foi criado uma único, que será a cultura douradense”,conclui. (Com reportagem de Leonel Jonas)