Dourados
18/12/2014 07h10 - Atualizado em 18/12/2014 07h10
Valéria Araújo
A população de Dourados está se mobilizando pela implantação da Guarda Mirim, depois que a Patrulha foi desativada há 3 anos e a antiga sede virou “cracolândia”. O movimento é encabeçado pelo funcionário público aposentado, João Frazão. Ele reuniu dezenas de assinaturas de autoridades municipais e representantes de classe que apoiam a iniciativa. Tudo será encaminhado para avaliação da prefeitura de Dourados. O movimento cobra um projeto de lei do executivo para a criação da entidade.
Conforme Frazão, a iniciativa vem da grande preocupação dos douradenses depois que a Patrulha Mirim foi desativada. “Dourados perdeu um local para a formação moral dos jovens, além de inserí-os no mercado de trabalho. Penso que, se nada for feito a tempo, corremos o risco de estarmos formando verdadeiros “exércitos” de criminosos. É por isso que, como não dá para reattivar a Patrulha Mirim devido as dívidas trabalhistas, temos que criar a Guarda Mirim que tem praticamente a mesma finalidade. Dourados não pode abrir mão deste serviço”, destaca.
O movimento conta com assinaturas de apoio dos 19 vereadores, do bispo Dom Redovino, do pastor Ildemar Bert da Igreja Presbiteriana, do delegado Carlos Videira, das entidades ligadas ao comércio, ex-patrulheiros, deputado federal Geraldo Resende, entre outros.
Caso Patrulha
Destruída por atos de vandalismo, a antiga sede da Patrulha Mirim de Dourados vira cracolândia e aterroriza os moradores. O local, que já foi referência na formação de jovens, hoje é utilizado para atos de infração. Quem anda pelo local, vê o rastro da destruição. Portas arrombadas, janelas quebradas, no chão há restos de computadores, misturados ao gesso que caiu do teto, além de carteiras e cadeiras sucateadas.
Livros e documentos oficiais que contam a história da Patrulha foram incendiados. Telhas arrancadas e quebradas por toda a parte, quadra coberta suja e buracos nos muros onde os usuários monitoram a chegada da polícia, além de crostas de dejetos humanos e de animais tornam inservível o local que poderia estar à serviço da população.
Em relação ao local, a Assessoria de Comunicação da Prefeitura informou que alguns projetos estão em fase de análise, com o objetivo de tornar o local adequado para projetos voltados a adolescentes. Ainda não há previsão de quando eles sairão do “papel”.
Em relação à segurança dos moradores, o comandante da Guarda Municipal de Dourados, João Vicente Chencarek, informou recentemente que os moradores podem acionar a Guarda Municipal diante de qualquer transtorno provocado no local. Vicente diz que, hoje, a Guarda tem a responsabilidade de vigiar 180 patrimônios públicos e escolas e, por conta disso, não pode estar em todos eles ao mesmo tempo.
Avalia que os moradores podem ajudar a preservar o local denunciando. Vicente diz que vários menores estão sendo apreendidos por atos de vandalismo, principalmente em construções abandonadas pela cidade. “A GM também está nas escolas, fazendo o trabalho preventivo que tira os adolescentes das ruas”, destaca.
Fracasso
Depois de mais de 20 anos de atividades, a Patrulha Mirim foi desativada em dezembro de 2011. Afundada em dívidas trabalhistas, a entidade teve a estrutura praticamente destruída com ações de vandalismo. Na Justiça, existem ações para apurar denúncias de desvios de dinheiro público, equipamentos e até mesmo as madeiras da antiga estrutura, que foi demolida.
A entidade arrasta, ao longo dos anos, uma dívida de mais de R$ 200 mil. Uma parte é resultado de ações na Justiça do Trabalho, enquanto a outra parte é proveniente da não atualização de informações junto à Receita Federal. O problema envolvendo o nome da Patrulha começou em 2006, quando a Associação dos Patrulheiros Mirins não apresentou prestação de contas convincentes à Prefeitura de Dourados, sobre contratos e gastos.
O município rejeitou as informações declaradas, não liberou a verba referente a 2007 e determinou a devolução dos recursos de 2006.
