19/01/2015 15h29
Com continuidade do El Niño, expectativa é de chuva abaixo da média no semiárido do NE, na região Norte e acima da média no Sul.
Na primeira reunião de 2015 do Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, pesquisadores alertam que haverá chuvas abaixo da média no Norte e Nordeste e acima da média no Sul do País.
São esperadas chuvas abaixo da média especialmente na região semiárida do Nordeste e na região Norte do Brasil, com possibilidade de queimadas e incêndios em Roraima, e continuidade de precipitação acima da média na região Sul.
Essas são as tendências climáticas para os próximos três meses (fevereiro, março e abril). Elas foram apresentadas na sexta-feira (16) na primeira reunião de 2015 do Grupo de Trabalho em Previsão Climática Sazonal (GTPCS) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI).
Paulo Nobre, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe/MCTI), atribuiu os resultados da avaliação do grupo à continuidade do fenômeno El Niño.
"Temos uma condição sazonal dessas três regiões onde é possível hoje cientificamente e tecnologicamente fazer essas previsões", afirmou o especialista que conduziu as atividades do primeiro encontro do GTPCS.
Participam do grupo de trabalho, instituído pelo MCTI em novembro de 2013, as principais lideranças na área de previsão climática no País.
A cada mês os especialistas se reúnem para traçar prognósticos para o trimestre seguinte. O objetivo é dar subsídios aos tomadores de decisões sobre o cenário climático que se aproxima.
O secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento do MCTI, Carlos Nobre, alertou que a previsão climática para o próximo trimestre inspira atenção.
"O Brasil está vivendo um momento de diferentes extremos climáticos em diferentes partes do País com impactos na economia e na sociedade", destaca o secretário Carlos Nobre.
"As informações geradas pelo grupo de trabalho alimentam imediatamente ministérios e a Presidência da República para que sejam tomadas as medidas necessárias."
Na abertura do encontro, que aconteceu pela primeira vez em Brasília, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação, Aldo Rebelo, enfatizou a importância de haver previsão climática de curto prazo.
"O trabalho dos pesquisadores do GTPCS já contribuiu no ano passado para reduzir os danos da seca no Nordeste e das enchentes em Rondônia", exemplificou.
A cada reunião um dos membros conduzirá as atividades. Nesta sexta, o meteorologista Paulo Nobre, pesquisador do Inpe, coordenou os trabalhos.
Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC) do Inpe;
Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST);
Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden/MCTI); Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTI).
De acordo com os especialistas, para outras regiões do País não há previsibilidade climática, a exemplo do Sudeste.
"O Nordeste, por exemplo, é a região com maior previsibilidade sazonal porque tem a dependência do Oceano e um tempo de variação bem lento.
Na região Sudeste, o que causa chuva são as frentes frias que tem um tempo de previsibilidade de uma semana, no máximo duas", explica Paulo Nobre, pesquisador do Inpe.
No limite do conhecimento científico o que se pode afirmar é que as chuvas continuarão abaixo da média neste período.
El Niño representa o aquecimento anormal das águas superficiais e sub-superficiais do Oceano Pacífico Equatorial.
A palavra El Niño é derivada do espanhol, e refere-se a presença de águas quentes que aparecem na costa norte de Peru na época de Natal.
Os pescadores do Peru e Equador chamaram a esta presença de águas mais quentes de Corriente de El Niño em referência ao Niño Jesus ou Menino Jesus.
Na atualidade, as anomalias do sistema climático que são mundialmente conhecidas como El Niño e La Niña representam uma alteração do sistema oceano-atmosfera no Oceano Pacífico tropical, e que tem consequências no tempo e no clima em todo o planeta.
Por esta definição, considera-se não somente a presença das águas quentes da Corriente El Niño mas também as mudanças na atmosfera próxima à superfície do oceano, com o enfraquecimento dos ventos alísios (que sopram de leste para oeste) na região equatorial.
Com esse aquecimento do oceano e com o enfraquecimento dos ventos, começam a ser observadas mudanças da circulação da atmosfera nos níveis baixos e altos, determinando mudanças nos padrões de transporte de umidade, e, portanto, variações na distribuição das chuvas em regiões tropicais e de latitudes médias e altas.
Em algumas regiões do globo também são observados aumento ou queda de temperatura. (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação / Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - Inpe)