04/02/2015 08h05 - Atualizado em 04/02/2015 08h05
Área no Jardim Climax foi ocupada há um ano e um mês e atualmente abriga 62 famílias que já ergueram casas de alvenaria
Flávio Verão
Uma área invadida em janeiro do ano passado aos fundos do Jardim Climax em Dourados, às margens da Via Parque, abriga cerca de 180 pessoas, distribuídas em 62 famílias. A maioria já ergueu casa de alvenaria e agora os moradores reivindicam reconhecimento, para saírem da clandestinidade e receber água tratada e energia elétrica.
A área ocupada é particular e segundo os moradores o proprietário nunca se manifestou sobre o espaço. "Queremos ser reconhecidos para pagarmos água, luz, ter endereço, sermos atendidos no posto de saúde", conta a diarista Izaunete Nunes, 48 anos, que mora no local com o marido Ramão Ferreira, de 46 anos.
Organizados, os moradores contrataram um topógrafo que fez a divisão dos lotes em tamanho 10 metros de largura por 15 de comprimento. Duas ruas foram abertas e todo o trabalho de infraestrutura realizada no local é feita pelos moradores. Ontem mesmo contrataram serviço de uma empresa particular que enviou um trator para cavar fossa séptica. O terreno é argiloso e cheio de pedras.
Por não existirem no mapa de Dourados, as dificuldades aparecem. Izaunete diz que por causa disso os moradores não conseguem atendimento na rede de saúde, que pede comprovante de residência.
"Queremos apenas ser reconhecidos para pagar impostos como qualquer outro morador da cidade", comenta. Volta e meia equipes das empresas de energia e de água vão até o local e acabam com o "gato", restabelecido logo depois. Há idosos e crianças de colo entre os moradores.
Para serem reconhecidos, até nome já foi dado para a área: Jardim Guajuvira, em homenagem a uma árvore no local. Foi embaixo dela que teve início as reuniões de ocupação no ano passado. O operador Cornélio Sobrinho, de 53 anos, é outro morador. Divorciado, ele mora só, mas uma filha casada também reside no local, em outra casa. "Quero apenas o meu canto para morar, não aguento mais pagar aluguel", disse o operador.
A área de três hectares já está toda ocupada e bem ao lado dela tem o residencial Estrela Guassu, onde também havia sido invadido, mas por pertencer à prefeitura, moradores foram tirados pela justiça. O espaço é destinado para construção de casas populares, que até agora não saiu do papel. Matagal toma conta do local, que vem sendo utilizado para descarte de produtos de roubo e ponto de encontro de usuários de drogas.
Marcos Caires e Adair de Souza foram titulados como presidente e vice do "Jardim Guajuvira". Junto aos demais moradores eles tentam uma reunião com a administração municipal na tentativa de regularizar a área. No Jardim Joquei Clube, no espaço denominado como cancha, centenas de famílias ocupam há quase cinco anos o local. Eles já tem energia elétrica.