21/02/2015 07h24 - Atualizado em 21/02/2015 07h24
Flávio Verão
Em meio a entulhos como restos de materiais de construção, mobílias, animais mortos e podas de jardinagem, jogados no prolongamento da MS-156, após o Distrito Industrial de Dourados, região conhecida como Porto Cambira, um tipo de lixo chama a atenção. Trata-se de milhares de cartazes em PVC de campanha política de diferentes candidatos que disputaram a última eleição.
Ontem a reportagem esteve no local e constou que às margens da rodovia, limpa recentemente, é possível encontrar diferentes tipos de lixo. Nos cartazes de campanha eleitoral, que na natureza levam dezenas de anos para serem desintegrados, é possível conferir o CNPJ da gráfica responsável pela impressão dos materiais de campanha.
Segundo informações, a gráfica teria fechado as portas em Dourados após contrair dívidas com fornecedores e funcionários, no entanto, a situação cadastral na Receita Federal está como “ativa”. Os proprietários da empresa não foram encontrados para responder se seria a própria gráfica que fez o descarte incorreto dos materiais políticos. Além dos cartazes em PVC, há ainda no lixão dezenas de cartuchos de impressoras, alguns deles com timbre de empresa, embora a fabricação dos materiais são feitos fora do Estado.
De acordo com o secretário de Meio Ambiente, Rogério Yuri Farias Kintschev, embora a empresa não tenha sido pega em flagrante atirando o lixo de forma irregular, a esta é imposta multa e limpeza de toda a sujeira que provocou. “Essa região do Porto Cambira é crítica. Equipe de serviços urbanos da prefeitura faz com frequência a limpeza no local, mas não demora muito e o lixo volta a acumular”, diz o secretário, que pede colaboração da população. “Vou mandar uma equipe para averiguar esse descarte de cartuchos e de cartazes eleitorais”, afirmou.
Dourados tem código ambiental - lei 055, de 2002 - que prevê multa de até R$ 1 milhão, dependendo da gravidade do caso, para pessoas e empresas responsabilizadas pelo descarte irregular de lixo em via pública. “O que falta é consciência da população, pois não é só no Porto Cambira, várias regiões da cidade vêm sendo utilizadas pela população como descarte de lixo. Isso tem que acabar”, reiterou o secretário de meio ambiente.
O lixo é um problema crônico na maioria das cidades brasileiras e em Dourados não é diferente. O que não falta são leis que obrigam empresas revendedoras de produtos recicláveis a darem o destino correto dos materiais, mas, sem fiscalização, nada acontece.
Em Dourados, por exemplo, há três ecopontos para o recebimento de galhos (Parque das Nações I, Cohab II e Parque do Lago II) e um responsável pelo recolhimento de pneus (próximo ao Trevo da Bandeira), mas nenhum para o descarte de lixo eletrônico e de entulhos em geral.